
Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), o jornalista e escritor Cícero Sandroni morreu na manhã desta terça-feira (17). Ele tinha 90 anos e foi vítima de um choque séptico causado por uma infecção urinária, informou a ABL.
Sandroni morreu em casa, no Cosme Velho, na zona sul do Rio. Casado com Laura Constância de Athayde Sandroni, ele deixa cinco filhos — Carlos, Clara, Eduardo, Luciana e Paula — e o neto, Pedro.
O jornalista foi eleito para a ABL de forma unânime, em setembro de 2003, para suceder Raimundo Faoro. Ele foi o sexto ocupante da cadeira de número seis da Academia.
— A extraordinária personalidade e a obra de Raymundo Faoro exigiriam análises mais demoradas que, neste discurso, condicionado pelo tempo, não terei condições de apresentar aos que pacientemente me ouvem. Mas no convívio desta Academia procurarei manter bem viva a memória do meu ilustre antecessor, não só nos meus estudos, mas também na organização de conferências e seminários sobre seus trabalhos de interpretação do Brasil — disse no discurso de posse.
Trajetória
Filho dos mineiros Ranieri Sandroni e Alzira Ribeiro Sandroni, Cícero Augusto Ribeiro Sandroni nasceu na cidade de São Paulo, em 26 de fevereiro de 1935. Aos 11 anos, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro.
Por lá, cursou Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica (PUC) e foi bolsista da Escola Brasileira de Administração Pública (Ebap), ligada à Fundação Getúlio Vargas.
A carreira como jornalista começou em 1954, na Tribuna Imprensa. No currículo, acumulou passagens ainda pelo Correio da Manhã, Jornal do Brasil e O Globo – onde destacou-se na cobertura de política internacional.
Em abril de 1960, integrou parte da equipe que cobriu a inauguração de Brasília e, convidado pelo prefeito da nova capital federal, esteve à frente da Secretaria de Imprensa da prefeitura do Distrito Federal.
Durante o regime militar, trabalhou na Tribuna da Imprensa de Hélio Fernandes, e em O Cruzeiro. Também fundou, com Odylo, Álvaro Pacheco e o diplomata Pedro Penner da Cunha, uma empresa gráfica de onde saíram as duas primeiras edições da revista de contos Ficção.
Cícero Sandroni também fundou a Edinova, com Pedro Penner, editora pioneira na literatura latino-americana e do nouveau roman francês.
Participou das revistas Fatos e Fotos, Manchete e Tendência, como editor, além de colaborações com a revista Elle e com resenhas literárias no O Globo.
Cícero configurou como membro da Academia Brasileira de Letras desde 2003 e foi presidente da ABL entre 2008 e 2009.