
Duas coisas que o ator Luiz Fernando Guimarães adora: fazer teatro e viajar. Mas o último espetáculo com o qual havia circulado nacionalmente havia sido O Caso da Rua ao Lado, apresentado em Porto Alegre em 2004. Prestes a desembarcar na Capital depois de mais de uma década, ele celebra:
– Já estava mais do que na hora de voltar!
Com trajetória marcante no teatro integrando o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, que fez história entre os anos 1970 e 80, e também na televisão, meio no qual interpretou personagens inesquecíveis, como Rui, de Os Normais, Guimarães traz ao Theatro São Pedro o solo O Impecável. Em cena, vive oito personagens que gravitam em torno do salão de beleza Impecável Beauty, entre funcionários e clientes. Por sugestão do diretor Marcus Alvisi, o ator não se vale de caracterizações para diferenciar um personagem de outro, apenas de recursos de atuação. Um desafio e tanto.
– Para mim, foi uma novidade fazer o espetáculo desse jeito, pois na TV Pirata e no Asdrúbal Trouxe o Trombone sempre usávamos muito figurino. Às vezes, eu erro em cena na hora de sair de um personagem e entrar em outro, daí tenho que corrigir rápido para que o público não perceba. E às vezes até percebe – diverte-se Guimarães, falando a Zero Hora por telefone de seu sítio no Estado do Rio.
Escrito por Charles Möeller e Claudio Botelho, o texto foi adaptado para o humorístico Acredita na Peruca, exibido no Multishow em 2015. Guimarães já trabalhava no projeto do espetáculo quando o canal o convidou para fazer o programa. Por se tratar de dois projetos distintos, ele garante que o público não terá um déjà-vu:
– A única personagem que também apareceu no programa era a dona do salão, que tem uma participação mínima na peça. Acho que o público não tem guardado na memória os outros personagens, pois não eram tão fixos no programa.
Neste trabalho, Guimarães está no ambiente que lhe é mais confortável: a comédia de costumes, gênero que considera uma forma de crítica social. Não tem nada contra o humor político, mas não é sua praia. Nem sequer se envolve com o tema, apesar de ter gravado um vídeo de apoio a Aécio Neves na campanha de 2014. Diz que não se arrepende, mas não faria de novo. Sobre a situação do país, considera-se “triste”:
– Parece que a coisa não anda. Saio do Brasil e volto, e o noticiário parece o mesmo de um mês atrás. É um mundo de rabo preso. Acho que isso deve vir desde Pedro Álvares Cabral. É muito triste um país com tanta abundância de riqueza e tantas possibilidades viver um momento como esse, de roubalheira. E todo mundo pagando seu imposto.
ENTREVISTA
“Não mudaria para agradar”, diz Luiz Fernando Guimarães
Na sua visão, o artista tem a missão de se posicionar por meio de sua obra?
Acho que o artista não deve ter obrigatoriedade com coisa nenhuma. Cada um carrega suas necessidades internas. Se eu não tivesse público, ia me expressar de outra maneira, porque é uma necessidade minha. Se tenho um público que gosta de mim, melhor ainda. Mas não mudaria minha forma, meu coração ou meus sentimentos para agradar às pessoas.
Você é muito atuante no Facebook, onde costuma postar vídeos. Como é esse envolvimento?
Gosto de ter feedback. Apareceu um público enorme que eu não sabia que tinha, especialmente um público feminino. Fiquei besta com isso porque fiz muitos personagens machistas na TV. Já postei vídeos do meu sítio, onde estou agora. Tem muita gente que gosta do mundo animal, e eu também. É para não ficar falando só de trabalho.
E qual será o próximo espetáculo com o qual pretende se envolver?
O Miguel Falabella me chamou para fazer um espetáculo com a Arlete Salles. Devemos realizar a primeira leitura na semana que vem. A estreia está prevista para setembro, em São Paulo.
Você tem algum projeto para TV em vista?
Enviamos propostas e estamos esperando retorno. Neste ano, já fui a quatro ou cinco leituras de projetos para TV a cabo e TV aberta. Espero que um deles vingue. Estou aberto e disposto.
Que projeto você gostaria de realizar e ainda não teve a oportunidade?
Gostaria de fazer um projeto ligado à natureza, do tipo Discovery Channel. Sou fã desse canal, vejo todos os programas. E adoro aventura.
O IMPECÁVEL
Nesta sexta (17/3) e sábado (18/3), às 21h, e domingo (19/3), às 18h. Duração: 60 minutos.
Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), fone (51) 3227-5100, em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 20 (galeria), R$ 50 (camarote lateral), R$ 80 (camarote central) e R$ 100 (plateia e cadeira extra). À venda na bilheteria do teatro nesta sexta (17/3), das 13h até a hora da sessão, e no fim de semana (18/3 e 19/3), das 15h até o início da sessão.