
Com mais de 30 espetáculos na programação, a 32ª edição do Porto Alegre em Cena, que terminou no dia 21 de setembro, conectou 20 mil espectadores com as artes cênicas em mais de 15 espaços da Capital. Consolidado como o festival mais longevo da cidade, o evento deste ano marcou a retomada das atrações nacionais e internacionais, além do retorno ao mês da primavera, já que a edição passada ocorreu com dois meses de atraso em razão das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, com a participação limitada a artistas gaúchos.
A programação reuniu espetáculos de teatro, dança, circo, performances e ações formativas entre os dias 10 e 21 de setembro. Ao todo, foram apresentados 11 espetáculos locais, 15 obras nacionais e cinco montagens internacionais. O coordenador-geral do Porto Alegre em Cena, Luciano Alabarse, reflete sobre a importância do festival, que já tem 32 anos de existência e se consolidou como patrimônio cultural de Porto Alegre ao lado da Feira do Livro e Semana Farroupilha.
— As pessoas sabem que o Porto Alegre em Cena se caracteriza pela qualidade, pelo rigor artístico, pela sua ousadia, e elas esperam isso. Eu já vivi, nesses longos anos, a época em que não existia “ticketeira” eletrônica, então se formavam filas gigantescas de pessoas sedentas para adquirir ingressos para ver os espetáculos. Hoje já é tudo mais facilitado e o “em Cena” já é um patrimônio imaterial da cidade — pontua Alabarse.
Conexão com a cidade
Entre as novidades desta edição, Luciano Alabarse destaca o projeto Reside Alegre, a partir do qual os artistas permanecem semanas na cidade escolhida, se inserindo no cotidiano local e se relacionando com os moradores do bairro definido — no caso da Capital, o Centro Histórico. A partir desse convívio, surgem espetáculos dirigidos por nomes de destaque da cena teatral local, como Adriane Mottola e Marcelo Restori. O coordenador caracteriza a ação como “um festival dentro do festival”.
— Esse é um projeto que nasceu com a Paula de Renor, que é uma grande artista de teatro de Recife, mais o Celso Curi, de São Paulo, e a Monina Bonelli, que é de Buenos Aires. É um lindo processo de construção e quem participou achou extraordinário — descreveu Alabarse.
Pluralidade

O Porto Alegre em Cena trouxe ao RS grandes nomes da dramaturgia nacional, como Jesuíta Barbosa, em sua volta aos palcos do teatro, em “Sonho Elétrico”, de Marcio Abreu. Já Silvero Pereira esbanjou talento em “Pequeno Monstro”, peça que retrata as violências reais e simbólicas marcadas nas existências de meninos gays.
Uma das diretoras do festival, Letícia Vieira, reitera a importância dos parceiros para a realização do evento, especialmente diante das dificuldades enfrentadas no cenário econômico da atualidade. Ela comenta que o festival teve público presente em todas as salas e que a programação teve diversidade estética e dramatúrgica, com um olhar curatorial atento à cena nacional. Além dos espetáculos, ocorreram ações formativas, residências e debates, como os Encontros Improváveis, que reuniram pensadores de diversas áreas em um bate-papo de sete horas, seguido de uma festa de encerramento.
— A expectativa para a edição de 2025 era grande, no sentido de que significava uma retomada do festival, que voltou ao mês de setembro, tendo uma programação nacional e internacional, além dos artistas locais. Saímos com um saldo muito positivo. Foi tudo muito solar, muito potente — descreve Letícia.
O 32º Porto Alegre em Cena — Festival Internacional de Artes Cênicas, apresentado pela Petrobras, contou com financiamento da Lei Federal de Incentivo à Cultura e Lei Estadual da Cultura – LIC RS / Pró-Cultura, patrocínio do Zaffari, Caixa, Panvel e Unimed, com gestão cultural da Primeira Fila Produções. O Festival foi realizado pela prefeitura municipal de Porto Alegre e Ministério da Cultura, Governo Federal — União e Reconstrução.

