
A presença feminina no setor vitivinícola cresce de forma expressiva e já se destaca em todas as etapas da cadeia produtiva. Dos laboratórios aos pontos de venda, passando pelas parreiras, as mulheres são protagonistas na elaboração de grandes rótulos. Embora nem sempre tenha sido assim, a participação delas tem avançado e reforçado a diversidade e a inovação no universo do vinho.
E para ampliar este tema no mês que é dedicado a elas, tendo 8 de março como o dia Internacional das Mulheres, o podcast “Vai de Vinho Brasileiro” abre as portas da Sala do Vinho Brasileiro, como é conhecido o estúdio temático, para conversar com a enóloga da Cave Geisse Vanessa Stefani, eleita profissional do ano em 2023, a também enóloga e sócia-proprietária da Casa Zottis, Daniela Zottis, e a presidente da Associação Brasileira de Sommeliers-RS (ABS-RS), Caroline Dani. O nono episódio, apresentado por Daniel Perches, já está no ar.
Ao longo da conversa fica evidente que, com passos pequenos, porém constantes, as mulheres estão vencendo o que resta de preconceito com a atuação delas no mercado. A busca por qualificação é um exemplo disso. Atualmente, a presença de mulheres e homens em cursos de enologia atingiu o equilíbrio.
– Eu vejo um aumento significativo no número de mulheres em todos os setores do vinho, não só no Brasil, como no mundo todo. Na ABS-RS, 50% dos egressos são mulheres – observa Caroline.
Ela destaca essa abertura do mercado para receber as mulheres, identificando o potencial que elas têm de o tornar ainda mais popular e versátil. Além disso, muitas estão empreendendo, tanto na produção de uvas, quanto na de vinhos. Para completar, as mulheres ocupam uma fatia cada vez maior também entre o público consumidor.
– A primeira turma de enólogos do Brasil, nos anos 1970, tinha 12 homens e 1 mulher. Se a gente olhar para trás, essa era a proporção. Sempre houve, mas em minoria. É muito bom ver o crescimento da presença feminina – resgata Vanessa.
Entre uma lembrança e outra, elas falam sobre a infância, a relação familiar e da maternidade, pois até mesmo a gravidez precisa ser planejada para não comprometer o período da safra. Mas tudo isso compõe o repertório que as mulheres agregam ao mundo do vinho, com um olhar diferenciado.
– O homem tem uma visão mais objetiva. A mulher consegue olhar o todo e, com isso, disponibilizar experiências diferentes. À frente das grandes vinícolas estão grandes mulheres, isso trouxe inovação. Antes, você ia a uma vinícola degustar vinho, e hoje tem uma experiência lá dentro. Isso está muito interligado com o fato das mulheres estarem envolvidas nesse setor – explica Daniela.
Outro traço feminino que contribui para a vitivinicultura é a versatilidade. Ainda que a história esteja alicerçada em homens importantes, que a construíram, a participação das mulheres cresce para dar novas cores na relação com o mercado e com os apreciadores do vinho.
– A mulher dá leveza a um setor que muitas vezes foi visto como rígido ou que só bebe vinho quem tem determinado status – defende Caroline.
Vanessa completa dizendo que costuma fazer um paralelo entre a presença das mulheres e os espumantes, justamente em função da versatilidade.
– Assim como os espumantes, as mulheres se adaptam muito fácil e lidam com as situações de uma forma mais natural. O espumante é super versátil para a harmonização. É nesse sentido – descontrai.
Esse contexto se reflete na ponta final: os pontos de venda. Seja em restaurantes, lojas ou mesmo nas vinícolas, a qualificação e o perfil de atendimento das mulheres vêm sendo chave para o sucesso. Caroline lembra que, por muito tempo, o foco esteve em tecnologia e inovação em maquinário, além do lançamento de uvas brasileiras, mas pondera que é preciso ter atenção em todas as etapas.
– Se não estiver qualificado para vender, não adianta nada o que se faz antes. Tenho visto as mulheres nas lojas, atuando também como importadoras, sommelier hunters, mulheres treinando e já preparadas para atuar na ponta, que vai se qualificar cada vez mais – projeta.

O papel e o perfil de liderança das mulheres também são assunto ao longo do episódio, que é uma boa pedida para quem quer conhecer mais sobre a vitivinicultura, mas especialmente para quem deseja seguir carreira no setor. As convidadas contam suas trajetórias, inspirando principalmente a entrada de novas mulheres no mercado.
O “Vai de Vinho Brasileiro” é produzido pelo Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), em parceria com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi) com apoio de Sicredi e do Sebrae. O conteúdo está disponível no YouTube do Consevitis-RS.