Eternizar as marcas de uma crise climática histórica pelo olhar da fotografia tem também papel de conscientização. Em exibição na Capital a partir desde sábado (27), o Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre fala em imagens sobre a urgência da mobilização ambiental.
Reunindo nomes consagrados na arte pelas lentes, o FestFoto chega à sua 18ª edição trazendo reflexões importantes sobre o clima. As imagens estão espalhadas por espaços que foram atingidos pela enchente de 2024 e são símbolos do Centro Histórico da Capital, como a Praça da Alfândega.
Sinara Sandri, coordenadora do FestFoto, diz que a mostra reforça a responsabilidade da fotografia como produção cultural. Primeiro, por atrair pessoas à observação da arte. Depois, por convocar o público ao debate de temas urgentes.
— Queremos que isso desperte empatia, que as pessoas pensem e repensem como estão se relacionando com o mundo — diz Sinara.
Na convocatória do festival, houve a provocação pela temática da árvore, combinando trabalhos sobre rios, riqueza da flora e desmatamento. O resultado levou a uma composição de clássicos da fotografia e de novas leituras do ponto de vista ambiental.
As imagens são assinadas por nomes como Leopoldo Plentz, Rogério Reis, Cassio Vasconcellos, Claudia Jaguaribe, Ana Sabiá, Pedro David e Rogério Assis.

Advogado e irmão de fotógrafo, Roberto Abreu compareceu para prestigiar as imagens. Numa vagarosa circulada pelos painéis, atentou para as marcas na natureza. E observou o impacto das fotografias nas pessoas.
— Muito interessante. Primeiro, a ideia de fazer num espaço público e aberto, em que todo mundo possa passar. Mesmo apressado, alguma coisa vai impactar. Tenho certeza que alguma coisa vai ser tocada em quem circular por aqui — disse Abreu.
Além da Praça da Alfândega, as fotografias estão no Espaço Força e Luz. A exibição vai até 31 de outubro.
Programação de sábado (27)
Espaço Força e Luz (R. dos Andradas, 1223 – Centro Histórico)
- 16h – Boas-vindas
Com Henilton Menezes, Secretário de Fomento e Incentivo à Cultura (MinC) - 16h15min – Apresentação dos artistas convidados Ana Sabiá, Cassio Vasconcellos, Claudia Jaguaribe, Leopoldo Plentz, Pedro David, Rogério Assis e Rogério Reis
- 17h30min – Performance-instalação “Frete Grátis para todo o Norte, Exceto para o Brasil”
- 18h – Abertura das exposições na Galeria Arquipélago
Lembrar e reviver

O Festival Internacional divide espaço na Praça da Alfândega com o projeto Memorial das Águas, outra mostra que exibe fotos da enchente de 2024 no Rio Grande do Sul.
O fotógrafo Gustavo Vara, de Pelotas, é autor de cinco fotografias na exposição. Elas mostram o impacto da cheia no sul do Estado. Entre elas, um retrato do “caramelo de Pelotas”, um cavalo semelhante ao resgatado em Canoas, só que ilhado no interior de Pelotas.
— Foi uma das pautas mais intensas da minha vida. O memorial conta verdadeiramente, documentado, tudo o que aconteceu. Vendo assim, parece mentira. E fica a pergunta: vai ter de novo? — reflete o fotógrafo.
Contemplativo entre as imagens, o microempresário e morador do Centro Paulo Lopes reviu as cenas da cheia e definiu as fotos como impactantes.
— A gente rememora, mas sentindo um impacto maior da densidade que foi. Vivi tudo isso, mas ver assim vem à tona com outra dimensão.
