
Um dos mais renomados nomes da fotografia mundial, Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, Organização Não Governamental (ONG) fundada pelo brasileiro.
"Com imenso pesar, comunicamos o falecimento de Sebastião Salgado, nosso fundador, mestre e eterno inspirador", iniciou o texto publicado pelo Instituto Terra no Instagram.
Brasileiro, o fotógrafo morava em Paris, na França, atualmente e enfrentava complicações de saúde decorrentes de uma infecção por malária, informa a Folha de S. Paulo. No entanto, ainda não há confirmação oficial sobre a causa da morte.
O Instituto Terra classificou Salgado como "um dos maiores fotógrafos do nosso tempo". Sua trajetória ficou marcada por percorrer o mundo, foram mais de 120 países, para contar a diferentes histórias.
"Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora", prossegue o Instituto Terra.
Informações sobre o velório e sepultamento também não foram divulgadas. Além de Lélia, Salgado deixa dois filhos, o cineasta Juliano, de 51 anos, e o pintor Rodrigo, de 45.
Quem foi Sebastião Salgado

Sebastião Ribeiro Salgado nasceu em 8 de fevereiro de 1944 em Aimoré, Minas Gerais. Na juventude, se formou Economia pela Universidade de São Paulo (USP), mas logo descobriu sua paixão pela fotografia durante uma viagem à África.
Em 1973, ele decidiu dedicar-se integralmente à fotografia, capturando imagens que retratam a realidade social e econômica de diversas regiões do mundo. Seu trabalho é conhecido pela profundidade emocional e pela capacidade de transmitir a dignidade dos seus sujeitos, mesmo em situações de extrema adversidade.
Ao longo de sua carreira, Salgado trabalhou em mais de 120 países, documentando temas como a fome na África, o trabalho em minas de ouro no Brasil e as migrações globais. Ele publicou diversos livros, incluindo Other Americas, Sahel: Man in Distress, Workers e Genesis, este último focado na beleza intocada da natureza e das culturas tradicionais.
Salgado também foi membro da prestigiada agência Magnum Photos e, posteriormente, fundou sua própria agência, Amazonas Images, com sua esposa Lélia Wanick Salgado.
Sebastião Salgado recebeu inúmeros prêmios e honrarias ao longo de sua vida, incluindo o Prêmio Eugene Smith e a Medalha Centenária da Royal Photographic Society. Ele também foi nomeado Embaixador da Boa Vontade da Unicef e membro da Académie des Beaux-Arts do Institut de France. Seu legado é marcado pela dedicação à fotografia como ferramenta de conscientização e transformação social, deixando um impacto duradouro no mundo da arte e na luta por justiça social.
Autoridades, artistas e organizações lamentam perda
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lamentaram a perda com postagens nas redes sociais.
Na rede social X, Haddad disse que perdeu um amigo:
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, disse que "sua lente capturou a alma do mundo, com olhar humano, poético e profundamente transformador".
Uma das últimas grandes exposições de fotos de Salgado no Brasil ocorreu no Sesi Lab, museu de arte, ciência e tecnologia em Brasília. A mostra Trabalhadores apresentou 150 fotografias capturadas entre 1986 e 1992, retratando o trabalho manual em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil, Itália, Indonésia, Índia e Kuwait. A exposição durou quase oito meses, entre agosto de 2023 e março de 2024, e atraiu mais de 130 mil visitantes.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), responsável pelo Sesi, lamenta a morte do fotojornalista: "Salgado deixa legado incontestável à arte e ao povo brasileiro."