
O Museu Nacional, no Rio de Janeiro, destruído em um incêndio no dia 2 de setembro, após anos de negligência, anunciou nesta segunda-feira (10) que cerca de 1,5 mil itens do acervo já foram recuperados dos escombros, entre peças das coleções, equipamentos, objetos pessoais e fragmentos arquitetônicos.
Alguns materiais de arqueologia, mineralogia e etnologia também foram encontrados e reconhecidos. Entre eles estão peças pré-históricas, pontas de flechas em metal feitas por indígenas do início do século XX, urnas de cerâmica de origem tupi e marajoara, pedras como turmalina negra, além de bonecas Karajá, registradas como patrimônio imaterial do Brasil.
Estima-se que o museu possuía ao menos 20 milhões de peças em seus arquivos, então, o número, que não se restringe a peças da coleção, equivale a menos de 1% do total. Os objetos recuperados se unem ao 1,45 milhão de itens que estavam fora do prédio e não foram atingidos pelas chamas.
Segundo o diretor do museu, Alexander Kellner, o trabalho de resgate está seguindo conforme o previsto. No momento, o foco está em escorar as paredes mais frágeis, para garantir a segurança dos pesquisadores que vão procurar por peças do acervo nos escombros. Em janeiro, a equipe deve começar a trabalhar na cobertura do palácio.
— Graças à empresa que está dando segurança ao prédio, nós estamos fazendo um resgate localizado: onde a empresa precisa atuar, nós vamos coletando material. Já iniciamos também, de uma forma bem inicial, a segunda fase, que é a do resgate localizado, em que a gente entra em uma sala e só sai dela depois que tudo foi retirado. Estamos bem contentes com a atuação tanto da nossa equipe, quanto da empresa que está trabalhando em parceria com a gente — explica Kellner.
Alemanha faz doação ao museu
Também nesta segunda-feira (10), a instituição recebeu uma doação no valor de 180,8 mil euros do governo alemão. A quantia, equivalente a cerca de R$ 808 mil, será utilizada na recuperação do acervo resgatado dos escombros.
O cônsul-geral da Alemanha no Rio de Janeiro, Klaus Zillikens, afirmou que a doação representa apenas uma etapa inicial, já que o Museu Nacional continuará sendo assistido. O governo alemão pretende disponibilizar um aporte de até 1 milhão de euros, que devem ser repassados conforme as demandas.
Os recursos serão utilizados na compra de materiais específicos para a recuperação, listados pelas equipes de busca. Artigos como computadores e lupas especiais serão adquiridos - uma delas, inclusive, vai ser usada em particular na reintegração de Luzia, o fóssil humano mais antigo do Brasil.
— É um valor que entra para aquilo que a gente precisa. Nós estamos extremamente gratos pela sensibilidade do governo alemão — reforçou o diretor do museu.
Orçamento 2019
Até o momento, a recuperação do Museu Nacional está sendo financiada pelos R$ 10 milhões repassados pelo Ministério da Educação. Para 2019, são esperados pelo menos R$ 56 milhões do governo federal.
— O principal valor é o de R$ 56 milhões, que é uma emenda parlamentar impositiva feita graças à enorme sensibilizada da bancada de deputados federais do Rio de Janeiro. Então, a solicitação está sendo feita e tem que ser aprovada no Orçamento no Congresso — disse Kellner, que acrescentou que está tentando contato com a equipe do presidente eleito para trazer mais apoio ao museu.