
Com mais de 400 anos de história, Belém foi escolhida para sediar a COP30 por sua localização estratégica. Esta será a primeira vez que a conferência global da ONU será realizada na Amazônia.
Entre as justificativas para a escolha da capital paraense, o governo brasileiro ressaltou a diferença entre debater sobre a maior floresta do planeta em Sharm el-Sheikh, Berlim ou Paris – cidades que já sediaram a COP – e fazê-lo no próprio território amazônico, junto a povos indígenas e quilombolas.
Para o período da cúpula climática, os especialistas em turismo alertam que os hotéis da região já estão, em grande parte, com lotação esgotada.
Sendo assim, aos viajantes que desejam conhecer a cidade da COP em sua essência, mas sem participar do evento, o mais indicado é que esperem mais um pouquinho e viajem após a conferência.
Já aqueles que participarão da cúpula e pretendem aproveitar o período para conhecer a terra do tacacá, do tucupi e do carimbó devem ficar atentos aos passeios de barco e à ampla variedade gastronômica que a região oferece.
Considerada a metrópole da Amazônia, Belém foi fundada em 1616. Segundo o último censo demográfico divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022, a capital paraense tem cerca de 1,3 milhão de habitantes.
O governo federal investiu mais de R$ 4 bilhões em infraestrutura, requalificação viária e melhorias urbanas para preparar a cidade para receber a COP30.
Confira todas as dicas do Pará ao Amazonas:
Pará
Mangal das Garças

Pedacinho da Amazônia no meio de Belém, o Mangal das Garças é um brinde aos viajantes que buscam se conectar com a natureza.
Criado pelo governo do Pará em 2005, o parque é fruto da revitalização de uma área de cerca de 40 mil metros quadrados às margens do Rio Guamá, nas franjas do Centro Histórico de Belém.
As garças brancas – que dão nome à reserva – são maioria, mas não as únicas espécies que dão vida ao parque. Além delas, os flamingos, guarás e borboletas Júlia também colorem o lago e áreas verdes.
- O local funciona de terça a domingo, das 8h às 18h, com entrada gratuita
Delícias do Pará

A vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio Grande do Sul (Abav-RS) e proprietária da RC Tour, Rita Vasconcelos, recomenda aos viajantes que experimentem os pratos típicos do Pará como o famoso pato no tucupi (um caldo amarelado da mandioca brava) e jambu (uma erva que causa uma sensação de dormência na boca).
Tal qual a primeira estrofe do hit “Voando pro Pará”, da cantora Joelma, a vice-presidente da Abav-RS também recomenda que os visitantes da capital paraense tomem um tacacá – outro prato tradicional da culinária amazônica feito com caldo de tucupi, goma de mandioca, camarões secos e jambu.
Os peixes de rio são muito presentes na culinária paraense e, em alguns pratos, são consumidos inclusive com açaí e castanha (do Pará).
O peixe filhote (da espécie piraíba, chamada de filhote quando jovem), e a maniçoba – um cozido de folhas de mandioca brava que leva até uma semana para ser preparado – também são dicas gastronômicas imperdíveis.
Fé e arte em Belém

Realizado há mais de dois séculos, o Círio de Nazaré leva milhões de fiéis a Belém todos os anos para homenagear a padroeira dos paraenses, Nossa Senhora de Nazaré.
A festa é considerada a maior procissão católica do Brasil e a maior procissão mariana – em devoção à figura de Maria – do mundo.
Tão grandiosa quanto o Círio é a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, que foi construída em 1909. Com sua riqueza em detalhes, a visita é uma ótima pedida para os apreciadores de arte sacra.
Fundado em 1878, o Theatro da Paz foi a primeira casa de espetáculos construída na Amazônia.

Com um suntuoso projeto arquitetônico inspirado no Teatro Scala de Milão (Itália), a casa de espetáculos tem características grandiosas, acústica de alta performance, lustres de cristal, piso em mosaico de madeiras nobres, afrescos nas paredes e teto e dezenas de obras de arte.
- As visitas podem ser feitas de terça a sexta-feira, das 9h ao meio-dia, e das 14h às 17h. Sábados e domingos, das 9h às 12h
- Ingressos custam R$ 10 (inteira) e RS 5 (meia)
Entre o cais e a feira

Belém é uma cidade que nasceu e cresceu em torno do rio. Por isso, uma dica valiosa para quem pretende conhecê-la é a visita ao Mercado Ver-o-Peso, um complexo arquitetônico e cultural de 25 mil metros quadrados, que já foi considerado uma das sete maravilhas brasileiras.
Inaugurado em 1625, é um dos mercados públicos mais antigos do país e a maior feira a céu aberto da América Latina. Situado na zona portuária de Belém, o espaço, que reúne milhares de moradores e turistas em seus corredores todos os dias, respira a história do Pará.
Aliás, falando em zona portuária, outro ponto imperdível é a Estação das Docas, um complexo turístico que reúne gastronomia, cultura, moda e eventos nos 500 metros de orla fluvial do antigo porto de Belém.
Inaugurada em maio de 2000, a estação conta com restaurantes, teatro, exposições, além de uma vista belíssima da Baía do Guajará.
- Funcionamento de domingo a quinta-feira, das 10h à meia-noite, e sextas e sábados, das 10h à 1h
Amazonas
Múltiplas cores às margens do Rio Negro

A próxima parada da nossa viagem fica a 3 mil quilômetros de Belém, em Manaus, capital do Amazonas.
Com uma extensão de 1,5 milhão de quilômetros quadrados, o Estado ocupa 18% do território brasileiro. Uma região rica em cultura, lendas, gastronomia e belezas naturais.
Teatro Amazonas
Inaugurado em 31 de dezembro de 1896, o Teatro Amazonas mantém viva a história do ciclo da borracha, época áurea da capital amazonense.
Ele fica no Largo de São Sebastião, no Centro Histórico, em Manaus, e surpreende pela imponência e riqueza dos seus detalhes. Além da exuberância arquitetônica, é um espaço de manifestações artísticas diversas, que vão do teatro popular à ópera.
- Visitas guiadas: de terça-feira a sábado, das 9h às 17h, e aos domingos, das 9h às 13h
- Entrada: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Festival de Parintins

Assim como no RS, os corações dos amazonenses também se dividem entre o vermelho e o azul.
Se aqui as cores representam Inter e Grêmio, lá são as cores dos bois Garantido e Caprichoso, que colorem, todos os anos, o Centro Cultural de Parintins, mais conhecido como Bumbódromo, no último fim de semana de junho.
O evento atrai mais de 50 mil turistas por temporada à cidade do interior do Amazonas, a uma hora de voo de Manaus.
Conforto no coração da floresta

Para quem busca se conectar com a mata sem abrir mão do conforto, os hotéis-floresta são uma ótima pedida.
Rita Vasconcelos explica que uma tendência é a busca por pacotes individualizados, geralmente mais curtos.
Por exemplo, um pacote no Anavilhanas Jungle Lodge, que fica no km 01 da rodovia AM-352, às margens do Rio Negro, oferece atividades variadas com acomodações confortáveis em plena Amazônia. O pacote pode incluir:
- Hospedagem individual (junho a dezembro 2025)
Chalé (quatro dias/ três noites): R$13.251 por pessoa
Bangalô (quatro dias/ três noites): R$15.681 por pessoa
- Transfers de chegada e saída
- Atividades como pescaria, trilhas na floresta, passeios de barco para contemplação do pôr do sol e tour de focagem noturna
- Reserva: é confirmada com pagamento integral com pelo menos 90 dias de antecedência
- Contato: reservas@anavilhanaslodge.com
Cruzeiro nos rios Negro e Solimões
A bordo do Iberostar Grand Amazon Expedition, o turista vive uma experiência única pelas águas dos rios Negro e Solimões.
São disponibilizadas três rotas com possibilidade de ver o nascer e o pôr do sol, além de um itinerário noturno, com todo o conforto e comodidade que um cruzeiro cinco estrelas tem a oferecer.
- As reservas custam a partir de R$ 3.231pelo site iberostar.com
Paladar amazônico
A gastronomia do Amazonas tem fortes influências indígenas. Com mais de 3 mil espécies catalogadas em seus rios, o peixe é o ingrediente principal da culinária amazonense, com formas variadas de preparo.
Geralmente é acompanhado de farinha de mandioca, conhecida como farinha “do Uarini” ou farinha “ovinha”, e banana frita.
Entre os peixes típicos da região estão o tucunaré, servido frito, assim como o filé de pirarucu grelhado com tucupi e jambu.
A variedade de frutas também faz jus à grandeza amazônica, com sabores típicos, algumas delas podendo ser degustadas em doces ou salgados.

