Eu não tive muito tempo para o bom da gastronomia e das lojinhas de El Calafate - muito bem faladas por aí. Pra contar a verdade mesmo, cheguei a esta pequena cidade da província de Santa Cruz, na Argentina, às 14h, dentro da faixa de "siesta" (o comércio fecha às 12h30min e retorna por volta de 15h30min), em um voo de Buenos Aires.
Ainda que meu foco fosse a patagônia chilena, eu queria muito conhecer o glaciar Perito Moreno, que pode ser visitado a partir de Calafate. Um transtorno de falha de comunicação aérea fechou os aeroportos argentinos por uma noite e atrasou minhas férias em um dia, o que me fez ter de passar correndo por Calafate. E aí se dava meu principal drama.
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As excursões que saíam rumo ao glaciar já tinham partido naquele dia. E eu tinha um ônibus rumo a Puerto Natales, no Chile, no dia seguinte, logo cedo. No Hostel Glaciar del Libertador, onde eu fiquei, me avisaram que a única forma seria pagar um táxi em esquema de ida e volta. O preço não era um absurdo, mas, ainda assim, pesava no orçamento. No tempo em que me ajeito no quarto, uma australiana chega com o mesmo problema, que vira a nossa solução.
Dividindo a tarifa, fica só um pouco mais caro do que as excursões. Demos sorte com o motorista, que tinha um quê de guia turístico e nos explicou muita coisa pelo caminho. A entrada no parque prevê desconto para residentes em países do Mercosul. Ainda que fosse sozinha, teria valido a pena o preço.
Não há vento ou sensação térmica próxima de 0°C que importem diante da magnitude da geleira, que se pronuncia ainda mais forte quando um de seus pedaços despencam. Como se um trovão anunciasse chuva, a queda chama a atenção dos turistas que tiram fotos nas passarelas.
Minitrekking no Perito Moreno
Para quem não estiver com tanta pressa, fica a dica de tentar as opções de minitrekking pelo glaciar. Quem vai diz que a experiência de caminhar em cima de Perito Moreno é fantástica. As melhores épocas para visitar esta região costumam ser entre outubro e maio, quando a temperatura é menos gelada.
Da cidade argentina ainda dá para esticar o passeio até o Parque Nacional Torres del Paine. Empresas de turismo fazem viagens ida e volta até a parte chilena da Patagônia. Se a intenção for curtir o parque por mais tempo - eu fiz um circuito de quatro dias de caminhada dentro do parque e recomendo muito -, vá de mala e cuia para o Chile.
As reservas nos refúgios locais de Torres del Paine devem ser agendadas com mais antecedência e costumam estar esgotadas no período de menos frio. Geleiras, lagos verde-esmeralda e torres de granito compõem uma das mais belas e imponentes paisagens que já vi. Torres del Paine, aquelas que dão nome ao local, são deslumbrantes.
A caminhada até elas leva um dia inteiro entre ida e retorno, com direito a subida entre pedras. Mas vale muito a pena. No auge do inverno, outros pontos de visitação ficam fechados por causa da neve. Mais informações para se programar com tranquilidade: losglaciares.com, conaf.cl/parques/parque-nacional- torres-del-paine e torresdelpaine.com
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