
Briozoários e microalgas voltaram a tomar a Praia Central de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Desde o fim de semana, a proliferação escurece a água do mar e incomoda os banhistas – ainda que a prefeitura retire boa parte dos organismos no início do dia. A Secretaria de Obras da cidade reforçou a atuação na praia e, só entre sábado (2) e domingo (3), retirou 28 caminhões carregados com algas e briozoários da faixa de areia. As informações são da coluna de Dagmara Spautz, do NSC Total.
Estudos encomendados pela prefeitura no ano passado, desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), são recentes demais para serem conclusivos. O município vai investir na continuidade das investigações, em busca de respostas.
Os briozoários são animais minúsculos, que vivem em colônias e são comuns nas praias. Há cerca de 450 espécies no Brasil. É natural, então, que estejam na água do mar. Mas não se sabe por que aparecem em tão grande quantidade em Balneário Camboriú.
O pesquisador Charrid Resgalla Junior, professor da Univali, diz que o aparecimento dos organismos vem desde 2004, e a principal suspeita é de desequilíbrio ambiental. Sabe-se que, quanto mais matéria orgânica na água, maior a proliferação, especialmente das microalgas.
No ano passado, os pesquisadores levaram amostras para laboratório para tentar descobrir o que “alimenta” os briozoários. Os ensaios devem ser repetidos neste ano.
Onde nascem?
Leonardo Machado, pesquisador do IFSC, reforça que a presença desses organismos na água é natural – mas o acúmulo, como ocorre em Balneário Camboriú, não é normal. Os levantamentos, até agora, não conseguiram indicar onde se proliferam as algas e os briozoários que vão parar na praia e se decompõem, causando mau cheiro.
— Primeiro, precisamos saber onde estão, para, então, descobrir o que faz com que morram. No ambiente oceânico, as coisas demoram pra serem compreendidas — diz Machado.
Hipóteses
Entre as hipóteses já levantadas, a interferência das dragagens do Porto de Itajaí na formação dos organismos está descartada. De acordo com o professor Charrid Resgalla Junior, nesse caso a proliferação ocorreria também em outras praias da região, e não apenas em Balneário Camboriú.
Além das microalgas e dos briozoários, Balneário Camboriú registrou no fim do ano passado, entre novembro e dezembro, um fenômeno novo: a chegada de sargassum, uma proliferação de algas maiores que também atinge áreas na Itália, na Grécia e no Caribe. As causas do aumento dessas algas nos oceanos são estudadas mundialmente. Uma das hipóteses levantadas é que a chegada ao mar de fertilizantes, usados na agricultura, poderia causar o desequilíbrio ambiental.