
Com a aproximação do Dia das Mães, cerca de oito em cada dez brasileiros já se preparam para fazer compras e presentear na data.
O dado é de um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, e aponta que as principais presenteadas serão as mães (77%), as sogras (18%) e as esposas (17%).
No entanto, o desejo de agradar pode acabar comprometendo o orçamento de famílias que já vivem no limite.
Para ajudar quem deseja homenagear as mães conscientemente, mas sem abrir mão do carinho nesta data, o economista Ricardo de Almeida, diretor financeiro do Cartão de TODOS, reúne dicas práticas para planejar os gastos e evitar surpresas desagradáveis no orçamento do mês seguinte.
— A primeira reação é querer retribuir tudo o que ela fez por nós. A gente logo pensa no melhor presente do mundo. E ele pode ser uma joia, um almoço especial, um trabalho artesanal ou simplesmente um momento único com tempo de qualidade. O valor não está no preço, mas na intenção — destaca.
Dicas de presentes para o Dia das Mães
Para indicar orientações que considerem a consciência financeira, mas sem deixar o carinho típico da data de lado, Ricardo de Almeida se reuniu com sua mãe, Marina Souza, para indicar caminhos possíveis para celebrar o Dia das Mães.
1. Pequenos gastos fazem diferença
Segundo o economista, mesmo presentes simples, quando não previstos, podem comprometer o orçamento.
— Um presente aqui, um almoço ali, mais um Uber de R$ 7, outro de R$ 12… e quando você vê, a fatura está maior que o carinho que você queria demonstrar — alerta. Para ele, o segredo está em dar atenção até aos gastos considerados pequenos.
2. Como se planejar para não comprometer as contas
Segundo o especialista, o primeiro passo é se organizar com antecedência:
— Antecipar é a palavra. Fazendo isso, você consegue equilibrar as contas e até guardar um pouco de dinheiro todo mês para esses momentos e aproveitar promoções. Planejar é dar o presente sem ter que atrasar o aluguel ou o cartão de crédito.
Monte um planejamento com as datas em que deseja presentear as pessoas:
- Marque no calendário as datas comemorativas do ano, como Dia das Mães, Dia dos Pais, aniversários de pessoas queridas;
- Crie uma reserva mensal para gastos sazonais;
- Aproveite promoções e compre com antecedência.

3. Quanto da renda pode ser destinado a presentes?
Segundo o especialista, um valor razoável da renda mensal para se gastar com presentes é de até 5%.
— Pode ser um pouco mais, pode ser um pouco menos, depende da intimidade e do carinho envolvido. Mas, mesmo nesses casos, é importante que esse gasto caiba no planejamento mensal e não comprometa as outras obrigações financeiras — alerta.
4. Cuidado com o cartão de crédito e parcelamentos
Ricardo de Almeida explica que o parcelamento, por si só, não é um grande problema, até pode ser uma boa estratégia, mas exige disciplina. “Se você se empolga, foge do planejamento e acha que limite é sinônimo de dinheiro, aí, sim, o parcelamento vira armadilha. Um passo fora da linha e o presente vira dívida parcelada em 12x com juros e dor de cabeça”.
Para o economista, a decisão de comprar à vista ou parcelado depende do perfil do consumidor. “Se você tem disciplina e planejamento, vale aplicar o dinheiro numa conta remunerada ou num CDB com liquidez diária e parcelar sem juros, isso é vantajoso financeiramente”, explica.
Segundo ele, é importante haver planejamento. “Agora, se a pessoa só consegue comprar se o dinheiro estiver disponível na conta, melhor pagar à vista. Mas nesse caso, temos um sinal de alerta: está na hora de trabalhar o autocontrole e desenvolver o hábito de planejar antes de gastar”, aconselha.
5. Alternativas para quem está com o orçamento apertado
Para quem tem um orçamento curto para presentear no Dia das Mães, Ricardo de Almeida propõe soluções criativas:
- Dividir o custo do presente com irmãos ou familiares;
- Preparar um café da manhã especial em casa;
- Investir em presentes simbólicos ou personalizados;
- Oferecer tempo de qualidade com a mãe, em vez de um item material;
- Ser honesto com a realidade financeira: “amor não precisa de nota fiscal”.
6. O que fazer caso já tenha exagerado nos gastos?
Se a renda mensal foi comprometida com o presente, ou com hábitos corriqueiros, o economista alerta que o importante é não ignorar o problema.
— É hora de revisar o orçamento, cortar o que for supérfluo, reduzir o que der e aprender com o erro. Educação financeira se constrói com prática, repetição e ajuste de rota.
O verdadeiro presente: estabilidade e equilíbrio
Na visão de Ricardo de Almeida, planejamento financeiro não é sobre abrir mão de viver, mas garantir tranquilidade para a família:
— Num país onde mais de 80% das famílias estão nas classes C, D e E, controlar o orçamento não é luxo, é necessidade”, afirma o profissional, que acrescenta: “Não se trata de economizar no carinho, mas de gastar com consciência. Porque o melhor presente que uma família pode receber é a paz de saber que tudo está no lugar, inclusive o orçamento.
Datas comemorativas podem pesar no orçamento
Segundo Ricardo de Almeida, as datas comemorativas podem pesar no orçamento quando há falta de planejamento financeiro no cotidiano.
— A maioria das famílias brasileiras não teve acesso a uma educação financeira prática, simples e aplicável. Segundo o IBGE, mais de 80% da população está nas classes C, D e E, e boa parte vive no limite. Quando chega uma data emocional como o Dia das Mães, o impulso fala mais alto que a planilha — afirma.
Para quem passará por esse Dia das Mães com um orçamento apertado, o economista destaca que essa pode ser uma lição de consumo consciente.
— O Dia das Mães mostra que carinho não se mede pelo tamanho do presente, mas pela intenção e pelo cuidado — diz. A data pode ser um bom momento para refletir sobre hábitos de consumo e educação financeira.