A 5ª edição da Corrida Pela Adoção reuniu mais de mil corredores na manhã deste sábado (17), no Parque Esportivo da PUCRS em Porto Alegre. Promovido pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, o evento tem como objetivo sensibilizar a sociedade sobre a situação das crianças e adolescentes que aguardam a adoção. A corrida ocorreu no mês da adoção, já que o Dia Nacional da Adoção é no dia 25 de maio.
O evento contou com trajetos de 10km, 5km e 3km, caminhada de 3km e encerrou com a corrida kids, voltada para crianças. Além disso, no ginásio do Parque Esportivo havia atividades para as crianças e adolescentes abrigados que foram levados à corrida pelos centros de acolhimento, assim como atrações musiciais. Os fundos arrecadados na ação serão revertidos para melhorias em abrigos e lares de Porto Alegre.
A promotora responsável pela Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Porto Alegre, Cinara Viana Dutra Braga, conta que o projeto é pensado para auxiliar em um dos grandes desafios do sistema de adoção, que é a disparidade entre o perfil de jovens aptos para a adoção e o perfil procurado pelos pretendentes.
— Hoje, 95% das pessoas pessoas querem adotar a criança com menos de 6 anos, mas 95% das crianças e adolescentes aptas têm mais do que essa idade. No nosso aplicativo, tem vídeos e fotos de crianças aptas à adoção aqui no Rio Grande do Sul com mais idade, mas que são um encanto. Às vezes, visualizando a imagem, você muda o perfil — afirma a promotora.
Segundo dados do Sistema Nacional de Adoção, 3,9 mil crianças e adolescentes estão acolhidos em abrigos e casas lares no RS, das quais 588 estão aptas à adoção. O MP-RS afirma que, somente em Porto Alegre, mais de 700 jovens estão acolhidos, e 118 estão aptos a serem adotados.
O aplicativo Adoção RS está disponível para download em iOS e Android e foi desenvolvido para facilitar a busca, com fotos, vídeos, cartas e desenhos de jovens aptos para adoção.
Quando "a cegonha liga"

Johnny de Jesus Cabral e Márcio da Rosa começaram há dois anos o processo de adoção e compareceram à corrida para apoiar a causa. O casal conseguiu a habilitação há um ano, e busca dois irmãos para se tornarem seus filhos.
— Olha, eu já trabalhei bem o meu psicológico, porque eu sei que é uma coisa demorada, eu sei como funciona os processos judiciais e que uma habilitação é burocrática. Então, eu não criei muita expectativa para não sofrer muito, mas eu estou ansioso, estou na esperança — Márcio relata.

Há quase dois anos, Bruno Anicet Bittencourt e a esposa receberam a "ligação da cegonha" que trazia a boa notícia de que Guilherme seria seu filho adotivo, hoje com dois anos e meio. Mesmo sem correr, Bruno compareceu ao evento com Guilherme para prestigiar a corrida. O pai lembra que, desde quando se conheceram, ele e a esposa já tinham vontade de, um dia, adotar um filho.
— Depois que a gente recebeu a ligação, em uma semana o Guilherme estava na nossa casa. A gente foi buscar ele e aí o quarto da bagunça virou um quarto de criança. E aí foi uma emoção sem fim, vem sendo, né? É uma alegria tremenda — conta Bruno, com o filho no colo.
Produção: Fernanda Axelrud