Os raios UV afetam a visão tanto quanto a pele, mas a proteção dos olhos no dia a dia ainda não está no topo das preocupações da maioria das pessoas. Uma pesquisa realizada pelo Ibope a pedido da Transitions Optical aponta que enquanto 86% dos entrevistados associam problemas de pele como consequência da exposição prolongada ao sol, apenas 30% lembram-se de doenças ligadas aos olhos, como catarata e degeneração macular.
A pesquisa entrevistou mil pessoas em Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, em dezembro de 2010. Aqui em Porto Alegre, por exemplo, 99% dos entrevistados lembraram-se de doenças da pele ao serem perguntados sobre os efeitos nocivos do sol. No entanto, apenas 39% das pessoas lembraram-se dos danos à visão.
Os números, entretanto, demonstram que a consciência sobre os danos dos raios UV à visão aumentou. Em 2009, uma pesquisa similar, também realizada pelo Ibope, mostrou que apenas 19% dos pesquisados apontaram doenças oftalmológicas.
Para o médico oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto, a maioria dos entrevistados ainda se lembra mais de doenças relacionadas à pele porque o sol causa problemas imediatos na derme como ardência por queimadura, descamação e manchas. Já nos olhos, praticamente todos os efeitos são cumulativos.
Entre as principais doenças oculares causadas pela radiação ultravioleta estão a catarata, fotoceratite, pterígio e degeneração macular.
- A catarata, opacificação do cristalino (membrana responsável pelo foco), é a maior causa de cegueira tratável no mundo. Responde por 47% dos casos de perda da visão entre brasileiros e têm um crescimento de 120 mil novos casos ao ano. A única forma de tratamento é a cirurgia em que o cristalino natural é substituído por uma lente intraocular - explica o oftalmologista.
Queiroz Neto ressalta que da mesma forma que o sol provoca o envelhecimento precoce da pele, causa envelhecimento dos olhos.
- Em geral a catarata surge a partir dos 60 anos, mas pode ocorrer antes em quem se expõe muito ao sol. Um levantamento feito nos Estados Unidos com 834 remadores que passaram a maior parte da vida com os olhos expostos constantemente ao sol, sem proteção, mostrou que 30% deles tiveram diagnóstico de catarata por volta dos 50 anos - alerta.
Já a degeneração macular é a causa mais comum de cegueira definitiva no Ocidente, informa o médico. Ela ocorre quando a radiação causa a morte de células da mácula - parte central da retina, responsável pela visão de detalhes. A exposição acumulada aos raios UV causam ainda o ressecamento da lágrima, que leva à ceratite, inflamação da córnea e pterígio, que é uma forma de defesa contra o ressecamento provocado pela radiação UV, em que ocorre o espessamento da conjuntiva (membrana que cobre a parte branca do globo ocular e a superfície interna das pálpebras).
Para proteger os olhos dos danos dos raios ultravioletas, o médico recomenda usar lentes de qualidade e que protejam entre 90% e 100% da radiação UV.
- Esta proteção é necessária tanto nos óculos de sol, quanto nas lentes comuns usadas no dia a dia, mas muitos se esquecem de que os raios UV nos atingem em várias situações - alerta.
Queiroz Neto também reforça outros cuidados, como usar chapéu, boné ou viseira e evitar a exposição nos horários de pico da radiação - entre 10 e 16 horas.
O médico reforça ainda que, já que os danos dos raios UV são cumulativos, os olhos das crianças devem ser protegidos. Além disso, elas passam três vezes mais tempo ao ar livre do que adultos e estudos demonstram que 80% do tempo que passamos em ambientes externos ocorre antes dos 18 anos.
- O ideal é iniciar o uso de óculos escuros a partir dos 10 anos. Antes disso, para não atrapalhar o desenvolvimento dos olhos, eles devem ser protegidos com viseiras, chapéu ou boné, sempre evitando os horários de pico da radiação. Isso porque, estas barreiras físicas só bloqueiam 50% da radiação.
- Já para crianças que necessitam de lentes corretivas logo nos primeiros anos de vida, o ideal é usar lentes fotossensíveis. Isso porque associam proteção UV, bom estímulo do sistema ocular e reduzem o cansaço visual no vídeo game por calibrarem o brilho do monitor em um nível bastante confortável - complementa Queiroz Neto.
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