Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o Brasil é o segundo país do mundo em número de transplantes realizados por ano. No entanto, conforme o órgão, esses números poderiam ser mais expressivos. Para o cardiologista e Superintende Médico do Hospital Samaritano, de São Paulo, Luiz Eduardo Bettarello, a população brasileira tem que estar consciente da necessidade de depois da morte destinar os seus órgãos para salvar vidas.
- Não é necessário deixar nada por escrito, mas é fundamental comunicar a família o desejo de ser um doador, para que o procedimento seja autorizado - salienta Bettarello.
O transplante é um procedimento médico com enormes perspectivas para pessoas com insuficiências orgânicas terminais ou crônicas. Uma das formas de doação é com doadores não vivos, ou seja, aqueles em que a morte encefálica foi detectada, tendo a parada definitiva e irreversível do encéfalo, que provoca em poucos minutos a falência de todo o organismo. As principais causas são: traumatismo craniano grave, tumor intracraniano ou derrame cerebral.
Pessoas de todas as idades podem ser consideradas potenciais doadoras, sendo que a sua condição médica no momento da morte determinará quais órgãos e tecidos poderão ser doados. Pode-se doar coração, córneas, osso, rim, medula óssea, fígado, pulmão, pâncreas e pele.
Os órgãos serão doados para indivíduos que estejam na lista de espera, de acordo com a gravidade da doença, tempo de espera, tipo de sangue e outras informações médicas. Testes laboratoriais confirmam a compatibilidade entre doador e receptores.
Outra maneira de doação é com indivíduo vivo, ou seja, pessoa que possa doar órgão ou tecido sem comprometimento da saúde e que tenha sido avaliada por médico. Parentes até quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes somente com autorização judicial. Pode-se doar: rim, medula óssea, fígado, pulmão e pâncreas.
Rio Grande do Sul passa a contar com Organizações de Procura de Órgãos e Tecidos
No Rio Grande do Sul, a secretaria estadual da Saúde anunciou, nesta segunda-feira, uma medida que pode ajudar a elevar os números de transplantes no Estado. Em parceria com os hospitais credenciados pelo SUS, o órgão desenvolveu e oficializou a implantação das Organizações de Procura de Órgãos e Tecidos - OPO do RS.
O novo programa consiste em constituir e capacitar equipes formadas por três médicos cirurgiões, um médico intensivista, dois enfermeiros com experiência em UTI e um auxiliar administrativo. Essa equipe forma uma Organização de Procura de Órgãos e Tecidos, cuja tarefa será observar as internações em UTIs para detectar pacientes classificados como possíveis doadores. Essa atividade deve ser presencial em cada UTI, no mínimo três vezes por semana.
A equipe que ficará no Hospital Dom Vicente Scherer, Centro de Transplantes da Santa Casa, além das Unidades de Tratamento Intensivo de seus sete hospitais, terá a responsabilidade de monitorar também as UTIs dos hospitais Beneficência Portuguesa (Porto Alegre), Hospital Parque Belém (Porto Alegre), Hospital Pronto Socorro (Porto Alegre), Hospital de Alvorada, Hospital Padre Jeremias (Cachoeirinha).
A seleção dos hospitais para sede das OPOs levou em consideração o volume de internações em UTI, o perfil de atendimento da instituição e a viabilidade de contratação imediata da equipe de trabalho. Também participam como sede das OPOs os hospitais São Lucas da PUC, Nossa Senhora das Graças de Canoas, São Vicente de Paulo de Passo Fundo, Santa Casa de Rio Grande e Bruno Born de Lajeado.