
Enquanto as negociações de paz avançam aos solavancos no Oriente Médio, um fato se impõe: o Hamas demorou demais para aceitar o acordo. E essa demora diz tudo. O Hamas sabe que paz significa o seu fim. O grupo terrorista não quer convivência. Quer a destruição do Estado de Israel. Usa o povo que mente defender como escudo. A paz, para o Hamas, é a última opção, não a primeira. Por isso, prefere um cessar-fogo. Uma pausa para que possa se reorganizar e capitalizar o apoio, ingênuo ou mal intencionado, de boa parte da opinião pública ocidental, que mistura desinformação e antissemitismo para defender a causa errada, mas que virou moda.
O plano em discussão, proposto pelos EUA, propõe o mínimo: a devolução dos reféns, vivos e mortos, e a deposição das armas. Ou seja: a alegada agressão de Israel não teria acontecido se o Hamas não tivesse começado a guerra. Se o Hamas realmente estivesse interessado em acabar com a guerra, bastaria não tê-la começado. Ou, depois de começá-la, tivesse devolvido os reféns e concordado com o óbvio: o direito à existência de Israel.
Há outro ponto essencial. A solução dos dois Estados é, de forma inequívoca, a única possível para israelenses e palestinos. Mas não se trata de qualquer Estado Palestino. É preciso um Estado democrático e capaz de respeitar seus vizinhos.
O Hamas, ao iniciar essa guerra, atrasou essa solução. Ao matar 1.200 pessoas e sequestrar 250, transformou a causa palestina em refém de seu próprio extremismo. Nenhum país ou pessoa minimamente lúcida pode permitir que um Estado nasça como prêmio a uma ação como a de 7 de outubro de 2023, por um motivo óbvio: legitimar o terrorismo é tão absurdo quanto praticá-lo.
O tempo ainda precisará passar até que novas lideranças surjam, palestinas e israelenses, dispostas a agir não pela lógica do medo e do conflito, mas pela lógica da paz. Basta de tanta gente inocente sofrendo. Talvez agora não importe tanto quem tem razão no passado, mas sim o que faremos com o nosso futuro. E o futuro não é a próxima eleição, mas sim a próxima geração.



