
Houve um tempo em que a Lava-Jato colocava medo nos políticos. Como crianças que fazem travessuras sem imaginar serem punidas por isso, foram pegos de surpresa com o avanço do trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público.
Agora, mais crescidinhos, os parlamentares envolvidos em esquemas de corrupção já entendem que Papai Noel não existe e que o trabalho dos procuradores tem suas próprias limitações e deficiências.
A prisão de Aldemir Bendine na quinta-feira passada, por cobrança de propina quando esteve à frente do Banco do Brasil e da Petrobras, mostra que o apetite por propina não diminuiu um centímetro sequer. Alguns dos pedidos de suborno foram feitos pelo executivo em 2017 – com a Lava-Jato em andamento havia pelo menos três anos.
Quem esperava alguma trégua em Brasília com o recesso do Congresso terminou a semana decepcionado.
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E os próximos dias serão ainda mais agitados. Diferentemente do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em que o resultado era conhecido de antemão, a votação da admissibilidade da denúncia contra Michel Temer, marcada para quarta-feira, tem desfecho incerto. Nenhum dos lados tem os votos necessários para sair vitorioso da disputa.
A liberação de verbas para deputados fiéis ao Planalto na CCJ mostra que Temer está disposto a permanecer no cargo. Mas a baixa popularidade do presidente nas pesquisas desafia a lealdade de qualquer político de olho nas eleições de 2018.
Enquanto isso, a gasolina fica mais cara, os salários encolhem e o rombo nas contas públicas bate recorde.
Todo mundo paga o pato.