
Ainda são inéditos no RS ou no streaming pelo menos 10 títulos muito badalados, que foram premiados nos festivais de Berlim, Cannes e Veneza ou estão bem cotados para o Oscar: O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, Casa de Dinamite, de Kathryn Bigelow, Coração de Lutador: The Smashing Machine, de Benny Safdie, Foi Apenas um Acidente, de Jafar Panahi, Frankenstein, de Guillermo Del Toro, Hamnet, de Chloe Zhao, Marty Supreme, de Josh Safdie, Sem Outra Escolha, de Park Chan-wook, Valor Sentimental, de Joachim Trier, e A Voz de Hind Rajab, de Kaouther Ben Hania.
Mas já dá para montar uma bela lista dos melhores filmes de 2025.
A regra é clara: só valem longas-metragens que estrearam comercialmente no Brasil a partir de 1º de janeiro, no cinema ou no streaming, ou que foram exibidos nos festivais realizados em Porto Alegre e em Gramado.
Fechado o terceiro trimestre do ano, eis a minha seleção. A ordem é puramente alfabética. Clique nos links se quiser saber mais.
1) Amores Materialistas (2025)

De Celine Song. A falsa comédia romântica com Dakota Johnson, Pedro Pascal e Chris Evans fala da mercantilização do afeto, mostrando como o amor virou uma forma de negócio neste nosso mundo tão capitalista e que tanto valoriza o sucesso, e, como o título anterior da diretora, Vidas Passadas (2023), Amores Materialistas é um outro filme sobre escolhas e renúncias, sobre como equilibramos nossos desejos com a necessidade de segurança e de proteção. (HBO Max)
2) Baby (2024)

De Marcelo Caetano. O diretor mineiro lança um olhar afetuoso, mas não condescendente, a tipos marginalizados, como Wellington (o estreante João Pedro Mariano), um jovem de 18 anos que acaba de sair de um centro de detenção e que, circulando pela comunidade LGBT+ das ruas de São Paulo, acaba desenvolvendo uma relação com um michê quarentão, Ronaldo (Ricardo Teodoro, em desempenho cativante). Para espanto dos conservadores, que talvez torçam o nariz diante da sexualidade e da promiscuidade dos personagens, é um filme que enaltece a importância da família — só que não necessariamente a sanguínea. (Telecine)
3) Babygirl (2025)

De Halina Reijn. Premiada com a Copa Volpi de melhor atriz no Festival de Veneza, Nicole Kidman abraça mais uma vez o risco neste filme que pergunta: como equilibrar sucesso profissional e estabilidade emocional com aquilo que lhe dá prazer sexual? Ela interpreta uma CEO de uma grande empresa de tecnologia, casada com o diretor de teatro Jacob (Antonio Banderas) e mãe de duas adolescentes. Quando surge um estagiário 30 anos mais novo e muito atrevido (Harris Dickinson), a personagem de Babygirl se colocará em uma encruzilhada. (Amazon Prime Video)
4) Uma Batalha Após a Outra (2025)

De Paul Thomas Anderson. Suas duas horas e 40 minutos passam voando, porque o diretor e roteirista engendrou uma mistura fascinante de filme de ação (com direito a uma sequência antológica de perseguição automobilística), comédia maluca e temas políticos. A viagem nunca para em Uma Batalha Após a Outra, e pela estrada deparamos com personagens e cenários de nomes exóticos, como Perfidia Beverly Hills e as montanhas Chupacabra, e atores talentosos e cativantes: Leonardo DiCaprio, Teyana Taylor, Benicio Del Toro, a nova Chase Infiniti e Sean Penn, que rouba a cena na pele do capitão e depois coronel Lockjaw, um sujeito ao mesmo tempo ridículo e perigoso, reprimido e agressivo. (Em cartaz nos cinemas)
5) Uma Bela Vida (2024)

De Costa-Gavras. Pode não parecer, tanto pelo título quanto pela trama, mas Uma Bela Vida é outro filme político do diretor de Z (1969), A Confissão (1970), Estado de Sítio (1972) e Desaparecido: Um Grande Mistério (1982). A ditadura que Costa-Gavras retrata agora ataca à direita, à esquerda e ao centro e é ainda mais implacável: a morte chega para todos. A denúncia que Costa-Gavras faz agora é: os governos, a classe médica e a sociedade estão preparados para lidar com o envelhecimento em ritmo acelerado da população, o que, naturalmente, aumenta o contingente de pessoas próximas da morte? O que estamos fazendo para tornar essa despedida da vida a mais digna possível, com o mínimo de sofrimento? A guerra que Costa-Gavras examina agora é travada em um âmbito particular. O conflito é do indivíduo contra o inevitável, de planos e sonhos contra medos e certezas. Às vezes, o "inimigo" está nas trincheiras: a pessoa quer morrer, mas a família reluta. (Foi exibido nos cinemas e ainda não tem previsão de estreia no streaming)
6) Cinco Tipos de Medo (2025)

De Bruno Bini. Foi o grande vencedor do Festival de Gramado: conquistou os Kikitos de melhor filme, ator coadjuvante (o rapper Xamã), roteiro e montagem (ambos assinados por Bruno Bini). Cinco Tipos de Medo é um thriller que interliga as vidas de cinco personagens em Cuiabá, refletindo sobre como a violência urbana contamina e ilustrando nossa busca por redenção em meio à dor. Marlene (Bella Campos) é uma enfermeira que ficou desempregada depois da pandemia de covid-19. Sapinho (Xamã) é líder do tráfico de drogas no bairro Jardim Novo Colorado. Luciana (Bárbara Colen) é capitã do Bope. Ivan (Rui Ricardo Diaz) é um advogado que tem uma filha prematura ainda internada no hospital. E Murilo (João Vitor Silva) é um jovem violinista. (Ainda sem data para estrear nos cinemas)
7) Dead Mail (2024)

De Joe DeBoer e Kyle McConaghy. Com personagens carismáticos, é um filme de suspense absolutamente envolvente e surpreendente - se eu contar mais, estrago. A história se passa nos EUA dos anos 1980. Jasper (Tomas Boykin) é um funcionário dos Correios especialista em decifrar endereços ilegíveis em cartas e pacotes. Certo dia, ele depara com um papel ensanguentado que traz um pedido de socorro e que vai abrir um novo universo na trama: o da fabricação de sintetizadores musicais. (Exibido no Fantaspoa e sem previsão de estreia)
8) Desconhecidos (2023)

De JT Mollner. A trama de Desconhecidos gira em torno de um homem (Kyle Gallner) e uma mulher (Willa Fitzgerald). O que era para ser um simples caso de uma noite se transforma em uma caçada sangrenta. O diretor e roteirista confunde a percepção do espectador ao embaralhar a cronologia da trama. E desperta leituras muito antagônicas: há quem considere absolutamente inovador e surpreendente, há quem encare como mero e monótono exercício estético; há quem veja como misógino, há quem aponte viés feminista. (Telecine)
9) Os Enforcados (2024)

De Fernando Coimbra. A Babilônia da era antes de Cristo se conecta à Escócia do século 11 e ao Rio de Janeiro dos anos 2020 na segunda parceria do cineasta com a atriz Leandra Leal. Como O Lobo Atrás da Porta (2013), Os Enforcados é outro ótimo suspense urbano ambientado no Rio com crime e paixão. Leandra interpreta Regina, que, como a Lady Macbeth de Shakespeare, vai incentivar o marido, Valério (Irandhir Santos), a matar o tio Linduarte (Stepan Nercessian) para assumir o trono no mundo do jogo do bicho. (Para aluguel em Apple TV, Google Play e YouTube)
10) F1: O Filme (2025)

De Joseph Kosinski. O filme sobre Fórmula 1 que homenageia Ayrton Senna (1960-1994) e tem cenas com Lewis Hamilton retrata um tema mítico nos EUA: a segunda chance. Brad Pitt encarna piloto cinquentão chamado para ser o companheiro experiente de um jovem talentoso na pior equipe do campeonato. Se eles não conseguirem uma vitória nas nove corridas restantes, a escuderia pode fechar. O diretor de F1: O Filme sabe a hora de acelerar (e não só nas cenas de ação, mas também na troca rápida de diálogos que ilustram ideais e temperamento dos personagens) e de pisar no freio, para intensificar os momentos de impacto, em vez de anestesiar o espectador. (Para aluguel ou compra em Amazon Prime Video, Google Play e YouTube)
11) Faça Ela Voltar (2025)

De Danny Philippou e Michael Philippou. Os irmãos gêmeos australianos aprimoram todas as virtudes demonstradas no seu primeiro longa-metragem, Fale Comigo (2022). Estão lá, por exemplo, a atmosfera sinistra e o despudor para a violência gráfica (para a qual a sonoplastia é fundamental). O ritual macabro que vemos na sequência de abertura não é gratuito: deriva de uma dor emocional, é como uma súplica. E outra vez a dupla dá protagonismo a adolescentes solitários — no caso, dois irmãos que, após a morte do pai, são enviados para um lar adotivo, o da excêntrica Laura (Sally Hawkins, digna de indicação ao Oscar), que também acolhe um menino mudo chamado Oliver (Jonah Wren Phillips, assombroso). Faça Ela Voltar é absolutamente perturbador: prepare-se para se sentir mal. (Estreia em breve na HBO Max)
12) Flow: À Deriva (2024)

De Gints Zilbalodis. Ganhador do Oscar de melhor longa de animação, o filme da Letônia acompanha a luta por sobrevivência de um gato, um cachorro, uma capivara, um lêmure e uma ave de rapina durante uma enchente. Podemos, portanto, encarar como uma fábula animal sobre tolerância, empatia e cooperação entre povos diferentes. Mas Flow recusa a habitual antropomorfização dos títulos da Disney ou da Pixar: sequer há diálogos. (Canal Filmelier+ do Amazon Prime Video)
13) Grand Theft Hamlet (2024)

De Sam Crane e Pinny Grylls. O documentário é a intersecção entre teatro, cinema e videogame — e também a intersecção entre a alta cultura e o entretenimento popular, fazendo jus às obras de William Shakespeare (1564-1616). Ao mesmo tempo em que reforça a perenidade da tragédia sobre o atormentado príncipe da Dinamarca, Grand Theft Hamlet retrata dramas experimentados sob o signo do coronavírus e ilustra pontos positivos e negativos de vidas cada vez mais digitais. (MUBI)
14) Homem com H (2025)

De Esmir Filho. É uma cinebiografia que foge ao convencional, sendo fiel ao espírito do artista retratado, o cantor Ney Matogrosso, 83 anos, encarnado pelo ator Jesuíta Barbosa. Despudorado, sensível e arrebatador, Homem com H reafirma que Ney sempre foi um símbolo da luta contra a caretice e da defesa apaixonada de uma liberdade infinita, seja na vida artística, seja na vida pessoal. Mas também mostra como sua trajetória espelhou a do próprio Brasil, oprimido pela ditadura militar e por preconceitos sociais. (Netflix)
15) A Longa Marcha: Caminhe ou Morra (2025)

De Francis Lawrence. O filme baseado no primeiro romance que Stephen King começou a escrever, em 1966, no contexto da Guerra do Vietnã (1959-1975), tem elementos que se tornariam marcas do escritor. A Longa Marcha apresenta os personagens adolescentes que são abandonados à própria sorte pelos adultos. A eterna luta do Bem contra o Mal. O abraço ao suspense e ao terror. O isolamento (físico ou emocional) que funciona como detonador de conflitos. A presença constante da morte e o impacto duradouro do trauma, que podem andar lado a lado com a capacidade humana da resiliência e a possibilidade de redenção. (Em cartaz nos cinemas)
16) Manas (2024)

De Marianna Brennand. Protagonizada pela promissora Jamilli Correa, adolescente que foi descoberta em uma seleção na periferia de Belém, esta ficção é baseada em histórias reais de exploração sexual, pedofilia e incesto na Ilha de Marajó, no Pará. Positivamente, a diretora de Manas não adota um "olhar estrangeiro", evitando o exotismo espetacular, nem investe na exposição da brutalidade - seu caminho é o da sutileza, o das elipses e metáforas, o do simbolismo e o do não-dito. (Telecine)
17) Memórias de um Esclerosado (2024)

De Thais Fernandes e Rafael Corrêa. Nascido em Rosário do Sul mas radicado em Porto Alegre há muito tempo, o cartunista Rafael Corrêa foi diagnosticado com esclerose múltipla em 2010. Dados o ofício e o perfil de seu personagem, o documentário tem sequências de animação e de bom humor. Há também sonho e fantasia: a investigação de Rafael sobre seu passado nos leva ao episódio da morte de um sapo, o que pode, via carma, ser a causa de sua doença. Daí o sujeito vestido de sapo que aparece de vez em quando. Mas Memórias de um Esclerosado começa de forma dura. Ao simplesmente observar o árduo e complexo processo para Rafael Corrêa tomar um banho, o filme firma nossa empatia pelo protagonista e registra o quão severos são os sintomas dessa doença degenerativa sem cura. (Foi exibido nos cinemas e ainda não tem previsão de estreia no streaming)
18) Misericórdia (2024)

De Alain Guiraudie. Jérémie (Félix Kysyl) regressa à cidadezinha natal, na França, para o funeral do antigo patrão, um padeiro. Lá, decide ficar uns dias hospedado na casa da viúva. Sua presença causa estranheza na comunidade. Aconteceu alguma coisa no passado? Por que o protagonista não vai embora? Outro enigma a desvendar no filme eleito o melhor de 2024 pela revista parisiense Cahiers du Cinèma é sobre o próprio gênero: Misericórdia é um policial? É sobre um romance proibido? É um drama sobre segredos de família? É uma comédia absurda? É uma reflexão sobre culpa e castigo? (Filmicca)
19) Mountainhead (2025)

De Jesse Armstrong. O lançamento do Veo 3, a inteligência artificial do Google que gera vídeos hiper-realistas, e a troca de farpas entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o empresário Elon Musk tornaram ainda mais atual e mais assustadora a sátira de Mountainhead. Trata-se do primeiro longa-metragem dirigido pelo inglês Armstrong, criador da série Succession (2018-2023). Se o seriado girou em torno do conflituoso e traiçoeiro processo de sucessão no conglomerado de mídia e turismo da família Roy, o filme retrata uma turma de bilionários da área de tecnologia, incluindo redes sociais e IA, que vai passar um fim de semana isolada do caos global que eles ajudaram a semear. (HBO Max)
20) A Natureza das Coisas Invisíveis (2025)

De Rafaela Camelo. Estreante em longas, a diretora defende o afeto, a delicadeza, a reconexão com o telúrico e o valor da espiritualidade neste filme que recebeu três Kikitos no Festival de Gramado: melhor atriz coadjuvante (Aline Marta Maia), trilha musical (Alekos Vuskovic) e o Prêmio Especial do Júri. Em A Natureza das Coisas Invisíveis, Glória é uma garota de 10 anos que passa as férias de verão no hospital onde sua mãe trabalha como enfermeira. Lá, ela conhece Sofia, menina que chamou a ambulância por causa do acidente doméstico de sua bisavó, que tem Alzheimer em estado avançado e agora está internada. Unidas pelo desejo de sair dali, as crianças encontram conforto na companhia uma da outra. Diante da iminência da morte da matriarca, as duas famílias viajam juntas para passar os últimos dias dela em um refúgio verde no interior de Goiás. (Estreia nos cinemas prevista para 27/11)
21) Oeste Outra Vez (2024)

De Erico Rassi. Ambientado na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, Oeste Outra Vez é o faroeste dos homens tristes, dos homens patéticos, dos homens que não conseguem falar sobre seus sentimentos. Na trama do grande vencedor do Festival de Gramado de 2024, Totó (Ângelo Antônio), inconformado pelo fato de a mulher estar agora com outro homem, contrata um velho pistoleiro (Rodger Rogério, ganhador do Kikito de melhor ator coadjuvante) para tentar matar Durval (Babu Santana). (Telecine)
22) Pecadores (2025)

De Ryan Coogler. Com 39 anos, o diretor e roteirista demonstra ter uma virtude escassa em Hollywood: audácia. Em Pecadores, que se passa no Mississippi, em 1932, à época da segregação racial, e é sua quinta parceria com o ator Michael B. Jordan (nos papéis de gêmeos), ele resolveu misturar drama histórico, musical blues e terror com vampiros - sem deixar de lado a ação, a comédia e o romance. Pelo menos uma cena de Pecadores já entrou para a história do cinema. É um plano-sequência na noite de abertura do clube noturno de Fumaça e Fuligem, uma grande, contagiante e comovente celebração da música como meio de expressão das dores e das alegrias da comunidade negra, a música como veículo de acesso a suas origens e de prospecção por dias melhores, a música como um território de identidade, comunhão e liberdade. (HBO Max)
23) Pequenas Coisas Como Estas (2024)

De Tim Mielants. Depois de ganhar o Oscar de melhor ator por Oppenheimer (2023), uma superprodução que custou US$ 100 milhões, traz cerca de 80 nomes no elenco e tem três horas de duração, Cillian Murphy resolveu protagonizar um drama de orçamento modestíssimo — US$ 3 milhões —, que empregou pouco mais de 30 atores e atrizes e dura menos do que cem minutos. Pequenas Coisas Como Estas é um pequeno grande filme que retrata um terrível pecado da Igreja Católica irlandesa. (Para aluguel em Amazon Prime Video, Apple TV, Google Play e YouTube)
24) O Reformatório Nickel (2024)

De RaMell Ross. O diretor oferece ao público a raríssima experiência de assistir a um filme inteiro pelos olhos de um personagem, com a câmera em primeira pessoa. Somos instados a nos colocarmos literalmente no lugar do outro, para talvez sentir na própria pele, mesmo que por apenas um par de horas, o peso do racismo. A alternância entre o passado e o presente se justifica plenamente no impactante epílogo, e as escolhas aparentemente aleatórias ou desconexas da montagem ganham sentido e ressonância enquanto a trama de O Reformatório Nickel avança. (Amazon Prime Video)
25) Sanduíche Quente (2024)

De Manuel Facal. Comédia musical alucinada, sem qualquer tipo de freio moral ou "vergonha imagética". Alan (papel de Alan Futterweit Paz, à vontade e engraçadíssimo), um gordinho de 30 e poucos anos cansado de seu trabalho em uma lanchonete de Montevidéu, viaja a Buenos Aires para vender seu mais valioso boneco de coleção. Escondido em uma parte do seu próprio corpo, o protagonista está levando um pacotinho de cocaína. Claro que a jornada será marcada por uma série de quiproquós hilariantes. De quebra, o filme uruguaio tira sarro, mas falando sério, dos portenhos. (Exibido no Fantaspoa e sem previsão de estreia)
26) A Semente do Fruto Sagrado (2024)

De Mohammad Rasoulof. A Semente do Fruto Sagrado se desenrola no contexto dos protestos no Irã nascidos a partir das mortes de jovens que não usaram (ou usaram de forma considerada incorreta) o hijab, o véu que cobre a cabeça e o pescoço das muçulmanas. O personagem principal, Iman (Missagh Zareh), acaba de ser nomeado juiz de instrução no Tribunal Revolucionário de Teerã. O cargo significa um salário mais alto e um apartamento maior para a família: a esposa devota, Najmeh (Soheila Golestani), e as duas filhas, a universitária Rezvan (Mahsa Rostami) e a adolescente Sana (Setareh Maleki). Mas também significa romper com seus códigos morais e sua ética profissional: ele é orientado a assinar sentenças de morte sem sequer ler os relatórios dos casos. A agitação política nas ruas de Teerã inevitavelmente se reflete no lar de Iman. (Telecine)
27) Sempre Garotas (2024)

De Shuchi Talati. O primeiro longa-metragem da diretora e roteirista indiana tem como personagem principal a adolescente Mira (vivida pela promissora atriz estreante Preeti Panigrahi). Ela é a melhor aluna de uma escola localizada no sopé do Himalaia, onde sua sexualidade é despertada pela chegada de um novo estudante, Sri (Kesav Binoy Kiron), que organiza um clube de astronomia — e é isso o que a protagonista deseja: conhecer um "mundo" além do seu. Suas descobertas, no entanto, podem esbarrar nas convenções de uma sociedade misógina ("Tomem cuidado com os meninos", alerta a diretora da instituição) e nas intenções da mãe, Anila (Kani Kusruti, de Tudo que Imaginamos Como Luz). Ao mesmo tempo, Mira tem de desempenhar seu papel como prefect do colégio, função que pode criar atritos com os colegas. É outro pequeno grande filme, pleno de delicadeza mesmo nos momentos contundentes. (Foi exibido nos cinemas e ainda não tem previsão de estreia no streaming)
28) Sing Sing (2023)

De Greg Kwedar. O drama sobre um grupo de presidiários que faz teatro recebeu três indicações ao Oscar 2025: melhor ator (Colman Domingo), roteiro adaptado e canção original (Like a Bird). Sing Sing merecia ter concorrido em pelo menos mais duas categorias: melhor filme e ator coadjuvante (Clarence Maclin). Talvez também direção de fotografia. (Amazon Prime Video)
29) A Verdadeira Dor (2024)

De Jesse Eisenberg. Dois primos judeus viajam de Nova York para a Polônia, onde, em meio a um roteiro turístico ligado ao Holocausto, querem visitar a casa de infância de sua falecida avó. Por A Verdadeira Dor, Kieran Culkin conquistou o Oscar de melhor ator coadjuvante, o Globo de Ouro, o Bafta, o SAG Awards, o Critics Choice e o Independent Spirit Awards na pele de Benji, personagem cuja ambiguidade é o coração deste filme que se equilibra entre o irreverente e o comovente, entre o doloroso e o caloroso. (Disney+)
30) Vermiglio: A Noiva da Montanha (2024)

De Maura Delpero. O filme italiano que recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza do ano passado é ambientado em 1944, na vila alpina chamada Vermiglio. A chegada de Pietro, um soldado desertor da Segunda Guerra Mundial, transforma a imensa família do professor local, Cesare. Ele exerce um tipo diferente de patriarcado: não é violento nem chega a ser abusivo, mas rotula os próprios filhos e determina seus destinos. Dino, o mais velho, é tratado pelo pai como uma decepção. Ada, a filha do meio, tem um "limite" na vida escolar. Com olhar atento a cada um dos personagens, a diretora de Vermiglio acompanha, sem atropelos, os dramas que se desenvolvem ao longo das quatro estações — não por acaso, o homônimo concerto para violino de Vivaldi pontua a trilha sonora. (Canal Filmelier+ do Amazon Prime Video)
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