
Minha dica para este 12 de outubro, Dia das Crianças, é rever as aventuras do mais adorável alienígena da história do cinema. Se seu filho, sobrinho ou neto nunca assistiu a E.T.: O Extraterrestre (E.T., 1982), aposto que também ficará encantado com o filme dirigido por Steven Spielberg, que desde julho está disponível no menu da Netflix.
E.T. foi exibido pela primeira vez em 26 de maio de 1982, no Festival de Cannes, na França. O público aplaudiu de pé, durante 15 minutos, o conto de fadas sobre a amizade entre o menino Elliot (interpretado por Henry Thomas) e um extraterrestre que se perde nas florestas da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
Criado pelo artista italiano de efeitos especiais Carlo Rambaldi (1925-2012), o pequeno personagem de cabeça grande e rosto enrugado é capaz de curar com um toque de seu dedo luminoso e descobre-se encantado por doces.

A história enternecedora levou às lágrimas até os organizadores da mostra de Cannes, que têm fama de "implacáveis".
— Foi a melhor recepção que tive em toda a minha carreira — declarou Spielberg, em 2002, para a revista francesa Studio.
Por ocasião do aniversário de 20 anos, o cineasta, o estúdio Universal e a empresa Industrial Light & Magic, de George Lucas, remodelaram o filme e restauraram o som e a icônica trilha sonora composta de John Williams. Em relação ao original, foram acrescidas cenas inéditas e 60 novos efeitos visuais.

Foi preciso refazer a sequência mais famosa, a do voo da bicicleta à frente da lua cheia, que se converteu no emblema da Amblin Entertainment, a produtora de Spielberg. Mas uma das principais mudanças é a substituição das armas dos policiais que perseguem os garotos que protegem seu amigo espacial. Na nova versão, eles carregam walkie-talkies.
— Sempre disse a mim mesmo que, se um dia a tecnologia permitisse, tiraria as armas. Não havia lugar para armas em E.T. — disse o diretor, que atribuiu essa "visão mais responsável" ao fato de ser pai de sete filhos.
E.T. foi o primeiro filme a ultrapassar a marca dos US$ 700 milhões nas bilheterias (sendo que custou US$ 10 milhões). E ocupou a liderança do ranking mundial durante 10 anos.
Estrelado ainda por Drew Barrymore, Peter Coyote e Dee Wallace-Stone, se filia à linhagem das produções que cativam todas as faixas etárias do público (algo incorporado, por exemplo, pelas animações da Pixar). Seja pelo lado aventureiro, seja pela mensagem sobre amizade e tolerância com o diferente, seja pela magia dos efeitos, seja pelo caráter nostálgico que, com o passar do tempo, adquiriu junto aos mais velhos.
Essas características, na atualidade, explicam o fenômeno Stranger Things, seriado assumidamente inspirado na obra de Spielberg. A universalidade de E.T. pôde ser comprovada em Porto Alegre em 2023, durante a exposição imersiva que foi montada no shopping Praia de Belas.

O clássico para todas as idades concorreu em nove categorias do Oscar, incluindo melhor filme, diretor e roteiro original (escrito por Melissa Mathison). Ganhou quatro: música, efeitos visuais, som e efeitos sonoros. Frequentemente aparece nas listas de obras mais importantes — ou pelo menos as mais emocionantes.
— O filme é muito mais atemporal do que eu achava — comentou Spielberg em 2002. — E fala muito da minha vida. O menino no meio de sua família, com os pais recém-divorciados (um trauma sobre o qual o diretor trabalharia mais diretamente em Os Fabelmans, a autobiografia disfarçada lançada em 2022). Esse garoto solitário que busca a amizade, uma relação afetiva intensa que poderia compensar a ausência do pai. Elliot é o garoto que eu sempre quis ser. Como diretor, pude inventar um herói que é mais valente do que eu fui durante a minha infância.
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