
Neste 15 de outubro, Dia do Professor, minha dica é assistir a um filme disponível no Amazon Prime Video que deveria ser tema de aula — e de casa também. Trata-se de A Sala dos Professores (Das Lehrerzimmer, 2023), que concorreu ao Oscar internacional representando a Alemanha (foi derrotado por Zona de Interesse).
Quem dirige e coassina o roteiro é Ilker Çatak, que tem ascendência turca. A exemplo do que fez o cineasta francês Laurent Cantet em Entre os Muros da Escola (2008), vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o diretor alemão transforma um colégio em microcosmo da sociedade contemporânea, com suas tensões e suas doenças.
A protagonista é interpretada por Leonie Benesch, coadjuvante em outro filme alemão indicado ao Oscar, A Fita Branca (2009), e vista no recente Setembro 5 (2024). Sua personagem, a idealista Carla Nowak, ensina matemática e educação física para alunos do sétimo ano.

Recém-chegada à escola, a professora logo entrou em sintonia com a turma — vide a saudação que todos fazem no início de cada aula. Mal começa o filme e surge o conflito que provocará desarmonia: o colégio vem sendo cenário de uma série de furtos.
O principal suspeito é um aluno de Carla, Ali, filho de imigrantes. Mas a professora sabe, por experiência própria, que pelo menos duas pessoas adultas estão surrupiando dinheiro de carteiras ou daqueles porquinhos em que depositamos moedas. A protagonista resolve investigar a situação. Suas intenções parecem certas, mas a cada passo afunda em uma espécie de areia movediça do campo da ética.
Por trafegar pelo gênero do mistério policial, A Sala dos Professores requer discrição quanto aos rumos tomados na trama.
O que se pode dizer, sem medo de estragar surpresas e com o desejo de enaltecer qualidades, é que o filme consegue atiçar a curiosidade do espectador ao mesmo tempo em que o incita a refletir sobre questões variadas, algumas perenes e outras candentes: as dinâmicas de poder, as desconfianças mútuas, os direitos de privacidade, os limites tênues entre o certo e o errado, a política da desinformação e a fragilidade da verdade, a censura, a cultura do cancelamento, a xenofobia, o bullying, o corporativismo, a perda de autoridade da figura do professor e a intromissão dos pais na escola.
É assinante mas ainda não recebe a minha carta semanal exclusiva? Clique AQUI e se inscreva na minha newsletter.
Já conhece o canal da coluna no WhatsApp? Clique aqui: gzh.rs/CanalTiciano




