
Já estão disponíveis no Apple TV+ os dois primeiros episódios de uma série perfeita para quem é fã dos filmes de ação e suspense dos anos 1990: A Última Fronteira (The Last Frontier, 2025). Os outros 10 capítulos serão lançados às sextas-feiras, até o dia 5 de dezembro.
A série foi criada por Jon Bokenkamp, o autor de Lista Negra (The Blacklist, 2013-2023), e Richard D'Ovidio e tem quatro diretores se revezando nos episódios: Sam Hargrave, dos filmes Resgate (2020) e Resgate 2 (2023), John Curran, de O Despertar de uma Paixão (2006), Dennie Gordon e Jessica Lowrey.
O elenco é encabeçado por Jason Clarke, de Planeta dos Macacos: O Confronto (2014) e Lakers: Hora de Vencer (2022-2023), Haley Bennett, de Devorar (2019) e Era uma Vez um Sonho (2020), e Dominic Cooper, protagonista do seriado Preacher (2016-2019).
A trama se passa no Alasca, o maior Estado dos EUA em extensão territorial e o mais escassamente povoado. Situado no noroeste do Canadá e isolado do resto do seu país, tem invernos longos e frios que cobrem de neve suas montanhas e planícies.

O personagem principal é o policial federal Frank Remnick (papel de Jason Clarke), que mora em Fairbanks, cidade com 31 mil habitantes, e está pensando em mudar de vida: quer transformar cabanas em uma estalagem a ser administrada por sua esposa, a enfermeira Sarah (Simone Kessell), com quem tem um filho adolescente.
Seu cotidiano tranquilo — consta que só precisou disparar duas vezes seu revólver nos últimos três anos — é virado de ponta-cabeça quando um avião transportando prisioneiros cai em meio à remota natureza selvagem, deixando livres dezenas de criminosos violentos.
Dedicado a cumprir a promessa de manter a cidade segura, Remnick começa a desconfiar que o desastre não foi um acidente. Essas suspeitas são alimentadas quando uma diretora da CIA encarnada por Alfre Woodard envia para o Alasca a agente Sidney Scofield (Haley Bennett), que esconde algo desde a primeira cena, quando surge trocando a água de uma garrafa por vodca. Sidney está à procura de um suposto traidor da pátria conhecido pelo codinome Havlock (Dominic Cooper) e que estava sendo transportado na aeronave.

A partir daí, A Última Fronteira adiciona uma trama de espionagem às eletrizantes cenas de ação nas paisagens nevadas — como a de um caminhão turístico ameaçado de cair de um penhasco. Os segredos e as reviravoltas casam bem com o cenário frio, que obriga os personagens a se esconderem atrás de casacos, mantas e gorros. Mas traumas do passado logo começam a serem revelados.
A combinação proposta por A Última Fronteira remete a thrillers dos anos 1990, como Caçadores de Emoção (1991), O Fugitivo (1993), A Rocha (1996), Con Air: A Rota da Fuga (1996) e Inimigo do Estado (1998). Esses foram filmes citados por Jon Bokenkamp em uma entrevista por vídeo da qual GZH participou no dia 6 de outubro e que incluiu a presença de Jason Clarke, Haley Bennett e Dominic Cooper (leia mais logo abaixo).
— Os anos 1990 tiveram muitos thrillers de ação excelentes. Esses filmes eram, de certa forma, muito simples, mas sempre com um grande gancho, como o avião caindo de Con Air ou a caçada humana de O Fugitivo — disse Bokenkamp. — Em A Última Fronteira, pude pegar uma espécie de grande gancho e trabalhar com isso ao longo de 10 episódios. Ao contrário desses filmes, que tinham uns 90 minutos de duração, nós temos cerca de 10 horas para explorar esses personagens e empreender reviravoltas.
Jon Bokenkamp fala sobre a trama da série

Como surgiu a história de A Última Fronteira? O que veio antes: a ideia da queda do avião com os presidiários ou a ambientação no Alasca?
Adorei a maneira como você pergunta isso. É como a história do ovo e da galinha. Acho que primeiro, provavelmente, veio a imagem de um acidente de avião e desses detentos fugindo para a natureza. Originalmente, a ideia era fazer isso acontecer em Nova York. Bem, as autoridades fechariam as pontes e os túneis. Refletindo sobre o que era melhor para a história, pensei no Alasca. É um terreno mais vasto, é acidentado, é inóspito. É um lugar perigoso. É um lugar difícil de sobreviver. Mas também é um lugar bonito, sereno e pacífico. Essa justaposição é realmente interessante para mim. Acho que também ajudou a pensar sobre os personagens e o desenvolvimento da história. Como a queda do avião com presidiários impacta uma cidade pequena, uma comunidade? As pessoas se unem e se ajudam? Ou elas trancam suas portas e apagam as luzes? Quem é aquele homem (o personagem Frank Remnick) naquela cidade pequena, onde vai ter de lidar com múltiplos problemas?
Um dos pontos mais positivos da série é sua capacidade de sempre surpreender o público, ora introduzindo um novo criminoso a ameaçar a comunidade, por exemplo, ora revelando um segredo dos personagens que estão do lado da lei. Você pode falar um pouco sobre o processo de escrita do roteiro e da estrutura da trama ao longo dos 10 episódios?
Eu amo o processo de escrever, embora muitas vezes possa ser doloroso, torturante e frustrante. Esta é uma série com muitas reviravoltas e com sequências de ação que servem para ilustrar ou introduzir um traço de caráter dos personagens ou um segredo. Para mim, o divertido de assistir à série é perceber como as coisas estão conectadas. Então, você pode olhar um criminoso e pensar, ok, a parte desse cara acabou, mas de alguma forma ele continua afetando a história. A mesma coisa acontece com outros personagens na série que parecem ser secundários, mas não são. É uma espécie de teia, certo? A trama se constrói sobre si mesma. Falamos muito sobre isso na sala dos roteiristas: como essas histórias se conectam? Como os vários detentos revelam quem são e o que eles querem? Talvez seja confuso chegar lá, mas, no final, é sempre divertido olhar para trás. Acho que é o tipo de série que se presta a ser vista de novo. Você pode interpretar cenas de maneiras diferentes ao recontextualizá-las.
Jason Clarke fala sobre o dilema do protagonista

Seu personagem em A Última Fronteira, Frank Remnick, está sempre falando sobre a importância da vida em comunidade no Alasca. A certa altura da trama, ele precisa responder sobre o que priorizar em um momento extremamente difícil: o trabalho como policial, que pode proteger a comunidade, ou a responsabilidade como pai de família. Você pode falar sobre esse dilema?
Sim, é verdade, acontece com praticamente qualquer policial. Na indústria cinematográfica, você conhece policiais que aconselham bastante no set. Todos eles têm esses problemas, e as mulheres policiais também. Essas pessoas são frequentemente chamadas para fora de suas vidas domésticas ou estão em situações malucas. Veem coisas muito perturbadoras ou têm suas vidas desafiadas. No começo da série, o Frank parece pronto para se aposentar e se tornar um dono do Airbnb, mas aquilo que o tornou um policial ainda está lá. Ele é um policial. Seu coração é o de um policial. E é interessante para o papel que o Frank meio que negligencia o filho quando a situação fica feia. Ele não está cuidando tanto dele como um pai deveria fazer. Isso se torna um ótimo ponto crucial para a jornada emocional que Frank está prestes a trilhar em sua vida privada, principalmente com a esposa. Adoro a maneira como isso se desenrola. Quando a tempestade chega à cidade, Frank corre muito mais riscos do que imagina. E mais uma vez ele está arrastando as pessoas para a sua confusão.
Dominic Cooper fala sobre a dualidade do vilão

Seu personagem, Levi Hartman, o Havlock, desperta sentimentos ambíguos: é um antagonista que não hesita em matar para alcançar seus objetivos, mas também é capaz de gestos nobres. Você pode falar sobre a dualidade de Havlock?
Bem, foi um prazer, um presente. E que eu persegui. Porque era um papel difícil de conseguir. O roteiro estava circulando e parecia para mim algo que eu nunca teria a oportunidade de interpretar. Sentia que estava muito longe de mim. Quando se tornou realidade, fiquei extremamente nervoso. Porque o cara no papel é um gênio matemático e um Navy SEAL (a força de elite da Marinha dos EUA) que é capaz, como você disse, de fazer coisas que eu não acho que seria capaz de fazer. Eu não conseguiria machucar um hamster. Ele é assustador. Ele está um passo à frente. Ele é inteligente. Ele é perigoso. E ele é volátil. Mas... O jornalistas se referiram a ele como um vilão. Ou como desonesto e diabólico. Mas eu sempre gostei bastante dele. Eu apenas vi o lado bom dele. E esqueço que nós o apresentamos ao público com algemas.
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