
Se você está procurando uma série para assistir neste final de semana, aqui estão sete dicas de produções que foram lançadas em 2025 pela Netflix.
Os gêneros são variados: tem comédia, documentário, drama, ficção científica, policial e até terror. E dá para fazer uma pequena volta ao mundo: Alemanha, Brasil, Estados Unidos, Reino Unido e Suécia.
Todas podem ser maratonadas em um único dia, ou pelo menos essa é a vontade que despertam. Clique nos links se quiser saber mais.
1) Adolescência (2025)

É o fenômeno de audiência e repercussão da temporada — se você ainda não viu, este é o momento.
Com quatro episódios dirigidos pelo britânico Philip Barantini, cada um em um único plano-sequência, Adolescência tem como ponto de partida a prisão de um garoto de 13 anos, Jamie Miller (em uma interpretação assombrosa do estreante Owen Cooper), que é acusado de assassinar uma menina.
A minissérie ilustra o abismo que há entre os adultos e os adolescentes, que têm urgências, inseguranças e explosões de hormônios e sentimentos potencializadas na era do Instagram e do TikTok. Mostra como o bullying digital e as expectativas sobre a masculinidade podem criar situações de perigo — ou algo pior. A trama permite a pais e professores espiarem pelo buraco da fechadura. Ao mesmo tempo, oferece um espelho: na vida atribulada, distante e remota dos tempos atuais, estamos conseguindo dar amparo e orientação para nossos filhos? Estamos sendo um exemplo positivo?
2) Os Assassinatos de Åre (2025)

Nas séries policiais nórdicas, como esta minissérie da Suécia, as condições climáticas e as paisagens geladas são personagens à parte. A neve tanto funciona como um símbolo de isolamento e opressão quanto sugere que há fatos e sentimentos ocultos. O figurino do elenco de carne e osso, com casacos, mantas e gorros, aumenta a carga de mistério. O frio não freia a violência, e o branco da neve intensifica o vermelho do sangue.
As histórias costumam reunir crimes bárbaros, pistas intrigantes, personagens ambíguos, múltiplos suspeitos, segredos do passado e policiais com problemas. Não raro, abordam também relações familiares, bastidores políticos e chagas sociais.
Os Assassinatos de Åre tem quase todos esses ingredientes. Com direção de Alain Darborg e Joakim Eliasson, os cinco episódios adaptam dois livros da escritora Viveca Sten. No primeiro caso, a detetive Hanna Ahlander (papel de Carla Sehn) encerra suas férias forçadas após o aparecimento de um cadáver no teleférico da estação de esqui de uma cidadezinha turística. A segunda trama começa com a descoberta de uma cabeça enterrada na neve, perto dos trilhos de uma ferrovia.
3) Black Mirror (7ª temporada)

A sétima temporada de Black Mirror apagou a má impressão deixada pela leva anterior de episódios da série criada pelo roteirista inglês Charlie Brooker.
Dos seis episódios, três são excelentes: o primeiro, Pessoas Comuns (Common People), o terceiro, Hotel Reverie, e o quinto, Eulogy. Talvez porque, como em alguns dos melhores momentos da série — Toda a sua História (The Entire Story of You, 2011), Volto Já (Be Right Back, 2013), San Junipero (2016), Hang the DJ (2017) —, suas tramas abordem o impacto da tecnologia sobre os relacionamentos amorosos e sobre como lidamos com a ausência e a finitude.
Por falar em San Junipero, vale prestar atenção nos easter eggs, as referências a episódios anteriores que aparecem, por exemplo, no nome de um estabelecimento ou no cartaz de um filme fictício. Embora cada história seja autônoma, sempre houve elementos de interligação — ainda que sutis ou quase imperceptíveis. Ou seja: existe um "Blackmirrorverso".
4) Cassandra (2025)

Assinada por Benjamin Gutsche, a minissérie alemã em seis episódios mistura elementos de terror, suspense psicológico e ficção científica, atraindo fãs de séries como Black Mirror.
Na trama, a família Prill decide recomeçar sua vida em um casarão isolado no interior da Alemanha após uma grande perda. O que deveria ser uma nova chance de vida, porém, se transforma em um pesadelo quando eles descobrem que a casa é controlada por Cassandra (Lavinia Wilson), uma assistente virtual que estava inativa havia 50 anos.
A minissérie aborda questões como privacidade, ética tecnológica e os perigos da inteligência artificial. Mas não só isso: Cassandra também faz uma crítica ao machismo, desconstruindo a figura do homem heroico. Os personagens masculinos são ora negligentes, ora ignorantes, ora passivos.
5) Congonhas: Tragédia Anunciada (2025)

A série documental dirigida e coescrita por Angelo Defanti reconstitui o desastre do voo TAM 3054, ocorrido em 17 de julho de 2007, o mais mortífero acidente aéreo do Brasil.
O documentário contextualiza: aborda os antecedentes de Congonhas, um aeroporto cercado por edifícios altos, com pista curta e fluxo intenso de passageiros, sobretudo após o crescimento econômico do Brasil, e o apagão aéreo que teve como estopim a queda do voo Gol 1907, em 29 de setembro de 2006.
O documentário detalha a tragédia e emociona ao entrevistar parentes das vítimas, bombeiros que atuaram no resgate do prédio da TAM e trabalhadores que sobreviveram à explosão. E também pode indignar e acender um alerta.
6) Dept. Q (2025)

Ambientada na Escócia, tem nove episódios, mas você vai querer ver em uma sentada. Tudo começa quando um detetive arrogante e sarcástico, Carl Morck (Matthew Goode), e seu parceiro, Hardy (James Sives), atendem ao chamado de um jovem policial para visitar a cena de um crime, onde há um homem morto com uma faca enfiada no crânio. Algo dá muito errado.
Três meses depois, Morck escamoteia seu trauma e sua culpa com impaciência e rabugice durante uma das consultas obrigatórias com a terapeuta da polícia (Kelly Macdonald). Ao voltar para o trabalho, ele acaba designado pela chefe para comandar um novo departamento, dedicado a reinvestigar os chamados cold cases, aqueles casos nunca solucionados. Entrementes, conhecemos a outra personagem principal, a ambiciosa e implacável promotora Merritt Lingard (Chloe Pirrie). Ela surge atuando no tribunal, onde tenta convencer os jurados de que um rico e influente homem de negócios é o responsável pela morte brutal da sua esposa.
Cabe ao espectador da série desenvolvida por Scott Frank e Chandni Lakhani a partir de um romance policial dinamarquês descobrir como as duas histórias se conectam, porque desde o primeiro capítulo Dept. Q propõe enigmas a serem elucidados não só pelos agentes da lei, mas também pelo público. Somos estimulados a investigar junto — e somos cobrados a prestar atenção. Volta e meia podemos sentir a vontade ou a necessidade de apertar o pause para relembrar um fato ou uma informação dado anteriormente e que agora é visto por um outro ângulo ou interpretado de outra maneira. Esse desafio constante torna irresistível emendar um episódio no outro.
7) As Quatro Estações do Ano (2025)

Como o título indica, se passa ao longo de quase um ano inteiro, mas pode ser maratonada em um único dia: tem oito episódios de meia hora cada. Talvez esta comédia dramática não converse tanto com adolescentes ou com quem tem 20, 30 anos. Mas os cinquentões e os sessentões podem se reconhecer bastante em As Quatro Estações do Ano, a despeito de alguns visíveis privilégios da turma de seis amigos retratada na ficção.
Cada par de episódios acompanha uma viagem de férias, fim de semana ou feriadão. No primeiro capítulo, os casais Jack (Will Forte) e Kate (Tina Fey) e Danny (Colman Domingo) e Claude (Marco Calvani) rumam para a mansão de Nick (Steve Carell) e Anne (Kerri Kinney) à beira de um lago. Durante uma caminhada, logo no início da trama, Nick solta a bomba para Jack e Danny: depois de 25 anos de casamento, ele quer o divórcio. Acha que o amor acabou, sucumbido pela rotina e pelo tédio: "Somos como colegas de trabalho em uma usina nuclear. Ficamos sentados na mesma sala a noite toda, monitorando telas diferentes".
A comparação, tão engraçada quanto impiedosa, ilustra um trunfo de As Quatro Estações do Ano: eis uma comédia que não é bobinha, mesmo que também seja hábil em investir no humor físico e nas trapalhadas (como na viagem da trupe para um resort tropical ecológico). As situações vividas pelos personagens e seus diálogos podem fazer rir, mas no instante seguinte vem à boca um gosto amargo. A alegria imediata e momentânea convive com uma angústia capaz de ser mais duradoura: será que nós somos assim? Será que vamos ficar assim?
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