
A lista de filmes para este 12 de junho, Dia dos Namorados, foge das comédias românticas. Nada contra o gênero, aliás, se você quiser uma boa dica, recomendo, por exemplo, a clássica Harry e Sally: Feitos um para o Outro (1989), que integra a coleção Amor Analógico na MUBI, O Casamento do meu Melhor Amigo (1997), disponível na plataforma Max, ou O Dia que te Conheci (2023), no Globboplay.
Mas, desta vez, preferi destacar romances que chegam a doer. Os 12 títulos são marcados pela paixão, ora avassaladora, ora impossível, ora terna, ora trágica.
Vale ressaltar: nem sempre o final é feliz — como na vida, né? E alguns filmes sequer se enquadram no gênero romance como o conhecemos.
1) Em Algum Lugar do Passado (1980)

De Jeannot Szwarc. Vou pegar emprestado o que disse Wolney Prado, leitor da coluna: "Christopher Reeve e Jane Seymour, no ápice de suas belezas, encenam uma história de amor que ultrapassa as fronteiras do tempo. Não há como não se emocionar com o filme, seus cenários e a sintonia dos protagonistas, embalados por uma trilha sonora cativante. Romantismo no grau máximo. Para ver e rever sempre". (Para aluguel em Amazon Prime Video, Apple TV, Google Play e YouTube)
2) O Feitiço de Áquila (1985)

De Richard Donner. Na Europa do século 12, um casal enamorado é vitima de uma maldição. Durante o dia, Isabeau (Michelle Pfeiffer) se transforma em falcão, e à noite Etienne (Rutger Hauer) se transforma em lobo. Dessa forma, eles nunca conseguem se encontrar. (Disney+)
3) Coração Selvagem (1990)

De David Lynch. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, é estrelado por Nicolas Cage e Laura Dern. Eles interpretam respectivamente Sailor Ripley e Lula Pace Fortune, um jovem casal apaixonado que foge da mãe dominadora (papel de Diane Ladd) da garota e dos bandidos que ela contrata para matar Sailor. O elenco inclui Willem Dafoe, Harry Dean Stanton e Isabella Rossellini, e a trama faz várias alusões a O Mágico de Oz e a Elvis Presley. (Para aluguel em Amazon Prime Video, Apple TV e Google Play)
4) Amor à Flor da Pele (2000)

De Wong Kar-wai. Evocando o clássico O Ano Passado em Marienbad (1961), do francês Alain Resnais, o cineasta chinês dirige um dos mais belos filmes tristes e talvez o mais sexy sem ter cena de sexo. A história se passa em 1962, em Hong Kong, onde dois casais acabam de se mudar para o mesmo prédio. Com o tempo, o jornalista vivido por Tony Leung Chiu-Wai (melhor ator no Festival de Cannes) e a secretária que mora no apartamento vizinho (Maggie Cheung) descobrem que seus respectivos cônjuges estão tendo um caso. A dor mútua acaba aproximando os dois personagens, que hesitam em concretizar a crescente atração física. Originalmente chamado de In the Mood for Love, Amor à Flor da Pele é extremamente refinado do ponto de vista estético, com seus figurinos elegantes e a exuberância colorida da direção de fotografia. As canções românticas na voz aveludada de Nat King Cole contrastam com sequências melancólicas, como aquelas que, em câmera lenta, acompanham erráticas caminhadas noturnas. (MUBI)
5) Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004)

De Michel Gondry. O diretor e o roteirista Charlie Kaufman refletem sobre o fim dos relacionamentos de maneira inesperada (não à toa, o filme ganhou o Oscar de melhor roteiro original). A trama acompanha uma espécie de gincana pelos labirintos da mente de um sujeito (Jim Carrey) que se arrepende de apagar a ex-namorada (Kate Winslet, indicada ao Oscar de melhor atriz) de sua memória, como ela fez com ele. A ideia de deletar alguém de suas lembranças tem a ver com as fantasias típicas da ficção científica, mas, como apontou o crítico Daniel Feix em Zero Hora, serve de retrato das gerações reais de jovens obcecados pelo tempo presente que demonstram incapacidade de lidar com as dificuldades da vida adulta. (Para aluguel em Amazon Prime Video, Apple TV e Google Play)
6) Wall-E (2008)

De Andrew Stanton. Uma das animações mais políticas da Pixar é também uma das mais românticas. No filme, a Terra de 2805 já foi abandonada pelos humanos, que deixaram para trás apenas um planeta imerso em lixo. O personagem do título é um pequeno robô, que vive solitário em sua missão de limpar o que ficou. Aí, uma nave traz a avançada robô EVA, que veio procurar sinais de vegetação e vira objeto da afeição de Wall-E. Ganhou o Oscar, o Bafta e o Globo de Ouro da categoria. (Disney+)
7) Um Dia (2011)

De Lone Scherfig. Nesta adaptação do best-seller de David Nicholls, Emma (Anne Hathaway) e Dexter (Jim Sturgess) sentem uma conexão especial desde o dia em que se conheceram. Apesar de seguirem rumos diferentes, eles acabam se reencontrando todos os anos no dia 15 de julho. Se você nunca viu, separe uma caixinha de lenços. (Para aluguel em Apple TV, Google Play e YouTube)
8) Ferrugem e Osso (2012)

De Jacques Audiard. O diretor francês mesclou dois contos do canadense Craig Davidson para contar a história de como Stéphanie (interpretada por Marion Cotillard) e Ali (Matthias Schoenaerts) se encontram. Ele é um ex-boxeador desempregado que precisa cuidar do filho de cinco anos. Ela é uma adestradora de orcas que enfrenta um momento divisor em sua vida. Ferrugem e Osso é o que se pode chamar de filme físico, filme tátil, contraponto sucessivamente beleza e violência, delicadeza e selvageria, fragilidade e força, o fundo do poço e a redenção. A destacar, também, a trilha sonora com músicas de Lykke Li, Bon Iver, Katy Perry e Bruce Springsteen. E o trailer, que não conta história nem revela demais, é arrebatador — confira abaixo. (Para aluguel em Amazon Prime Video, Apple TV, Google Play e YouTube)
9) Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016)

De Barry Jenkins. Oscar de melhor filme — foi o primeiro com elenco todo negro e o primeiro LGBT+ a conquistar a estatueta —, roteiro adaptado e ator coadjuvante (Mahershala Ali), o drama estadunidense acompanha três fases da vida do protagonista: criança, quando é apelidado de Little (Alex Hibbert), adolescente, quando se chama Chiron (Ashton Sanders), e jovem adulto, quando se apresenta como Black (Trevante Rhodes). Sua trajetória é acidentada, marcada pela negligência da mãe, pelo uso de drogas, pela pobreza, pela violência, pelo racismo estrutural e pelo preconceito — a sexualidade que o personagem está descobrindo e que mal compreende é rejeitada por sua comunidade. Como o emprego de três nomes indica, Moonlight é uma história sobre busca da identidade. Mas também é uma linda história de amor — sufocado e sofrido, mas que perdura e sobrevive. (Amazon Prime Video)
10) Atlantique (2019)

De Mati Diop. O mar é um personagem tão importante quanto a forte protagonista deste filme do Senegal que recebeu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes. Suas ondas podem prenunciar o infortúnio ou trazer a esperança, sua imensidão simboliza o tamanho de um amor ou a extensão de um sistema opressor para com as mulheres, sua cor inspira a fotografia, com azuis e verdes predominando, seus sons acalmam, hipnotizam, seduzem. É à beira do Oceano Atlântico que a diretora entrelaça romance, crítica social e generosas pitadas de horror e do cinema fantástico — um casamento feliz entre a realidade quase documental e o realismo mágico. Casamento feliz é o que não aguarda Ada (interpretada por Mame Bineta Sané), prometida ao rico Omar (Babacar Sylla), mas apaixonada pelo pobre Souleiman (Ibrahima Traoré), um dos tantos operários que trabalham para erguer uma torre em Dacar enquanto sonham com a perigosa travessia para a Europa. (Netflix)
11) Retrato de uma Jovem em Chamas (2019)

De Céline Sciamma. Este filme escrito e dirigido pela cineasta francesa se passa em uma ilha, em 1776, quando uma pintora (Noémie Merlant) é contratada para fazer o retrato de uma garota (Adèle Haenel) prometida em casamento para um cavalheiro de Milão. A artista e a musa se apaixonam, mas esse romance precisa ser nutrido em silêncio. Aliás, o som ambiente é uma das virtudes da obra vencedora do prêmio de melhor roteiro e da Palma Queer no Festival de Cannes. O crepitar de uma lareira ou o estouro das ondas marcam cenas — o fogo como símbolo do desejo que cresce, o mar bravio como símbolo da perturbação emocional das personagens. (canal Telecine do Amazon e do Globoplay)
12) Vidas Passadas (2023)

De Celine Song. O primeiro longa-metragem da diretora nascida na Coreia do Sul e radicada na América do Norte foi indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme e roteiro original. Jamais é manipulativo ou maniqueísta no retrato de um triângulo amoroso que pergunta: se aquela paixão do passado reaparecer, o que a gente faz? A protagonista é Nora Moon (papel de Greta Lee), sul-corana que agora mora em Nova York, onde é uma escritora casada com o também autor Arthur (John Magaro). Na outra ponta, está Hae Sung (interpretado por Teo Yoo), que era o melhor amigo de infância de Nora quando ela ainda se chamava Na Young e tinha planos de casar com ele, e que permaneceu em Seul. O que teria acontecido se Na Young não tivesse ido embora? Essa pergunta persegue Hae Sung e o impele a procurar pistas dela no Facebook 12 anos depois. (Telecine)
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