
Com sessões de pré-estreia nos cinemas de Porto Alegre nesta terça (20) e na quarta (21) e em cartaz a partir de quinta (22), Missão: Impossível — O Acerto Final (2025) pode marcar a despedida — pelo menos temporária — da franquia protagonizada por Tom Cruise.
Os sete filmes anteriores, lançados entre 1996 e 2023, arrecadaram US$ 4,13 bilhões nas bilheterias. Fazer sucesso comercial é uma marca do ator de 62 anos: Top Gun: Maverick (2022) faturou quase US$ 1,5 bilhão, Guerra dos Mundos (2005) somou US$ 603,8 milhões, e O Último Samurai (2003), US$ 454,6 milhões. Até abacaxis dão dinheiro, como A Múmia (2017), que rendeu US$ 409,2 milhões.
Mas Cruise não é apenas um astro das superproduções de Hollywood. Tem talento dramáticos que já renderam duas indicações ao Oscar de melhor ator, por Nascido em 4 de Julho (1989) e Jerry Maguire: A Grande Virada (1996) e uma ao prêmio de coadjuvante, por Magnólia (1999), além de convites para trabalhar com grandes diretores de diferentes gerações, como Stanley Kubrick (1928-1999), Francis Ford Coppola, Brian De Palma, Martin Scorsese, Steven Spielberg, Cameron Crowe e Paul Thomas Anderson.
Também não é só um mocinho: entre seus personagens mais marcantes, estão dois vilões — o Lestat de Entrevista com o Vampiro (1994) e o matador de aluguel de Colateral (2004). Aliás, o primeiro papel de destaque de Cruise, no drama Toque de Recolher (1981), foi o do esquentado cadete Shawn, que, em meio à rebelião dos estudantes de uma academia militar, se transforma em um atirador no próprio campus.
A seguir, confira um ranking com os 13 melhores filmes estrelados por Tom Cruise — que nem sempre é o protagonista desses títulos. Os critérios se misturam: vão da relevância na sua carreira (que já soma quase 50 longas-metragens) ao desafio artístico empreendido pelo ator, mas o que pesa mais é o meu gosto pessoal. A ordem é apenas cronológica.
Os 13 melhores filmes com Tom Cruise
Quase todos estão disponíveis nas plataformas de streaming ou para aluguel digital:
1) Negócio Arriscado (1983)

De Paul Brickman. No mesmo ano em que trabalhou sob a direção de Francis Ford Coppola no drama juvenil Vidas Sem Rumo (1983), sendo um coadjuvante na turma dos personagens de C. Thomas Howell, Matt Dillon, Ralph Macchio, Patrick Swayze, Rob Lowe e Emilio Estevez, Tom Cruise protagonizou esta comédia romântica que pavimentou seu caminho ao estrelato. Negócio Arriscado também se mostrou um negócio da China: nas bilheterias dos EUA, arrecadou 10 vezes o seu custo, prenunciando o caráter de Midas do ator.
Nesta sátira oitentista sobre sexo e capitalismo, um garoto prestes a entrar na universidade aproveita uma viagem dos pais para se despedir da adolescência em grande estilo. Após contratar uma prostituta (papel de Rebecca DeMornay) e destruir o Porsche do pai, ele precisa encontrar uma forma de consertar a bagunça. A cena em que Cruise dança de cueca pela sala de estar ao som de Old Time Rock & Roll, de Bob Seger, tornou-se icônica. E contribuiu muito para a primeira de suas sete indicações ao Globo de Ouro. (Disponível para aluguel em Amazon Prime Video)
2) Rain Man (1988)

De Barry Levinson. Dos cinco títulos estrelados por Tom Cruise indicados ao Oscar de melhor filme, este foi o único a ganhar — os outros concorrentes foram Nascido em 4 de Julho (1989), Questão de Honra (1992), Jerry Maguire (1996) e Top Gun: Maverick (2022). Rain Man também conquistou os troféus de direção, ator (Dustin Hoffman) e roteiro original.
Trata-se da história edificante do jovem egoísta Charlie Babbitt (o personagem de Cruise) que se aproxima de um irmão mais velho e irmão autista querendo abocanhar uma herança e, aos poucos, estabelece um laço afetivo com ele. Fez um tremendo sucesso de bilheteria: custou US$ 25 milhões e arrecadou US$ 354 milhões. (MGM+)
3) Nascido em 4 de Julho (1989)

De Oliver Stone. Tom Cruise ganhou o Globo de Ouro e concorreu ao Oscar de melhor ator por esta cinebiografia que valeu a Stone o troféu da categoria de direção na premiação da Academia de Hollywood. O filme narra a história de Ron Kovic, um soldado idealista que é ferido na Guerra do Vietnã.
Na volta aos Estados Unidos, Ron é recebido como herói, mas, paraplégico, logo se vê vítima do preconceito. Sua luta se torna outra: vira um pacifista e um defensor dos direitos das pessoas com deficiência. (Disponível para aluguel em Amazon Prime Video, Apple TV, Google Play e YouTube)
4) Jerry Maguire: A Grande Virada (1996)

De Cameron Crowe. Cruise foi indicado novamente ao Oscar de melhor ator na pele do agente esportivo de sucesso que é demitido por escrever um memorando sobre como os colegas de ramo deveriam ter menos clientes e, assim, dar um tratamento mais humano para os atletas.
Depois de perder todos os seus jogadores, Maguire passa a se dedicar a apenas um, o encrenqueiro Rod Tidwell, interpretado por Cuba Gooding Jr., que venceu o Oscar de coadjuvante e celebrizou-se pelo bordão de seu personagem: "Show me the money!". A cena com Renée Zellweger também ficou famosa: "You had me at the hello". (Max)
5) De Olhos Bem Fechados (1999)

De Stanley Kubrick. Foi a derradeira obra de Kubrick, que demorou 30 anos para concretizar a adaptação de Breve Romance de Sonho (1926), livro do austríaco Arthur Schnitzler que opõe as aventuras reais de um marido e as oníricas de sua mulher e pergunta: será que há uma diferença importante entre sonhar com uma aventura sexual e realmente ter uma?
O cineasta levou a trama para a Nova York contemporânea (ainda que filmada em Londres) e escalou um casal de verdade para os papéis principais: Tom Cruise e Nicole Kidman só se divorciariam em 2001. Ele interpreta o médico Bill Hartford, que fica transtornado quando a esposa, a galerista desempregada Alice, revela ter tido fantasias eróticas com um marinheiro durante uma viagem de férias da família. Aí, Bill acaba descobrindo a existência de uma sociedade secreta dedicada ao sexo. Malhado na época, De Olhos Bem Fechados envelheceu bem no seu retrato do confronto doloroso entre amor e desejo sexual, temperado pelo inferno do ciúme e pelo borramento das fronteiras entre sonho, fantasia e realidade. (Disponível para aluguel em Apple TV)
6) Magnólia (1999)

De Paul Thomas Anderson. Seguindo o estilo de filme-coral como o consagrado por Robert Altman em Short Cuts (1993), Anderson interliga um grupo de personagens que vivem diferentes dramas no Vale de San Fernando, subúrbio de Los Angeles. Há a dependente de drogas (papel de Melora Walters), a esposa arrependida (Julianne Moore), o pai que abandonou o filho (Jason Robards), a vítima do poder devorador da mídia (William H. Macy).
Tom Cruise interpreta Frank T.J. Mackey, o guru motivacional que prega a supremacia dos homens sobre as mulheres, mas que tem suas próprias fragilidades. É uma das mais elogiadas interpretações do ator, que concorreu ao Oscar de coadjuvante e venceu o Globo de Ouro. (Max)
7) Minority Report: A Nova Lei (2002)

De Steven Spielberg. Na primeira parceria de dois gigantes de Hollywood, o cineasta e o ator nos levam a 2054. A polícia tem a capacidade de zerar a criminalidade, ao prender futuros contraventores e assassinos antes que eles cometam seus crimes. O sucesso se deve a um trio de videntes mutantes, os precogs. Todos os passos das pessoas são monitorados. O conflito surge quando o detetive John Anderton (papel de Tom Cruise) descobre que foi previsto um assassinato que ele mesmo irá cometer.
Tanto o filme quanto o conto que o originou, escrito por Philip K. Dick, são espelhos de seu tempo, discutindo a relação entre medidas autoritárias e autonomia individual. A história original foi publicada em 1956, durante o macarthismo que perseguia estadunidenses acusados de ligações reais ou imaginárias com o comunismo. A obra de Spielberg estreou na era da guerra ao terror e da cultura do medo implementadas pelo governo de George W. Bush depois do 11 de Setembro. (Indisponível no streaming)
8) O Último Samurai (2003)

De Edward Zwick. Com ótimas cenas de ação e personagens cativantes, este épico conta história de um atormentado capitão do exército dos EUA, Nathan Algren (Tom Cruise), que, em 1876, é contratado para treinar com armas de fogo as tropas imperiais japonesas, para enfrentar um levante civil comandado pelos derradeiros samurais.
No Oriente, Algren vira prisioneiro dos guerreiros de Katsumoto (o assombroso Ken Watanabe, indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante), contrário à abertura do Japão ao Ocidente. Em uma isolada aldeia, o estrangeiro passa a compreender seus supostos inimigos. (Amazon Prime Video e Max)
9) Colateral (2004)

De Michael Mann. Tom Cruise tem tanto carisma que é capaz de colocar o público em xeque quando encarna um vilão. A ação deste filmaço se passa ao longo de uma noite em Los Angeles. Cruise interpreta o assassino profissional Vincent, que "contrata" o taxista Max (vivido por Jamie Foxx, indicado ao Oscar de coadjuvante) para fazer cinco paradas mortíferas.
O ápice é a sequência na abarrotada boate Fever, quase sete minutos nos quais a ação é crua, rápida, por vezes turva. Luzes e sombras, os cortes bruscos e a trilha sonora desamparam o olhar do espectador, já febril, como o nome do clube noturno sugere, diante dos múltiplos personagens envolvidos na perseguição a um duplo alvo. Tudo está a serviço da ideia, declarada pelo diretor, de evocar a "selvageria" que existe logo abaixo da superfície na noite de Los Angeles. É por isso que, momentos antes de chegarem ao endereço, Max e Vincent avistam três coiotes atravessando a rua. Nas palavras de Mann, os animais exibem a atitude de quem sabe que ali ainda era seu domínio e que a presença da civilização era meramente temporária. (Disponível para aluguel em Amazon Prime Video, Apple TV e Google Play)
10) Guerra dos Mundos (2005)

De Steven Spielberg. Publicado em 1898 por H.G. Wells, o clássico de ficção científica sobre uma invasão marciana é revisitado à luz do 11 de Setembro. Decalcada do livro, a narração do ator Morgan Freeman abre o filme contando como os humanos se sentiam soberanos na Terra — assim como os estadunidenses antes que membros do Al-Qaeda sequestrassem aqueles aviões.
Como na obra de Wells, o ataque é visto sob a perspectiva de um sujeito comum: o estivador de Newark e pai divorciado Ray Ferrier (Tom Cruise). O começo da trama retrata a complicada relação dele com os filhos que chegam para o fim de semana, o adolescente Robbie (Justin Chatwin) e a pequena Rachel (Dakota Fanning). Até que gigantescas máquinas de destruição irrompem do solo, deixando a população atônita e coberta pela poeira, como os sobreviventes do World Trade Center. Cruise não é o típico salvador da pátria: Ray está tão assustado quanto seus filhos, o que nos aproxima do personagem. O desespero é palpável. (Disponível para aluguel em Amazon Prime Video, Apple TV e Google Play)
11) Trovão Tropical (2008)

De Ben Stiller. Tom Cruise é um coadjuvante de luxo nesta sátira impagável sobre os bastidores de Hollywood. O título faz referência a um blockbuster de guerra que está sendo rodado nas florestas asiáticas com uma constelação de astros, entre eles um ídolo de filmes de ação (o próprio Ben Stiller), um comediante viciado em drogas (Jack Black) e um ganhador de Oscar (Robert Downey Jr.) que leva seu trabalho tão a sério que fez pigmentação de pele para incorporar um soldado negro.
Cruise ficou fascinado pelo roteiro e decidiu desenvolver um personagem para poder participar do filme de Stiller. Assim, criou Les Grossman, um inescrupuloso produtor cinematográfico. Ele aparece careca, barrigudo, com peito cabeludo e dançando o rap Get Back, de Ludacris. (Paramount+)
12) Missão: Impossível — Efeito Fallout (2018)

De Christopher McQuarrie. O ponto mais alto da baita franquia de ação e espionagem iniciada em 1996 que retomou a série homônima da década de 1960. Na trama, o agente Ethan Hunt e sua equipe são forçados a trabalhar com um agente da Cia (Henry Cavill) para recuperar armas nucleares que caíram nas mãos de uma rede decidida a destruir a civilização.
Efeito Fallout legou três das melhores sequências de ação dos filmes Missão: Impossível: a cena da luta no banheiro, a cena do halo jump e a cena do helicóptero. (Paramount+)
13) Top Gun: Maverick (2022)

De Joseph Kosinski. Indicado ao Oscar de melhor filme, o maior sucesso de bilheteria de Tom Cruise voa muito além de um mero exercício de saudosismo.
Ao retomar a trama de Top Gun: Ases Indomáveis (1986), o ator entrega o esperado — cenas de ação aérea espetaculares —, mas também convida a refletir sobre temas candentes, como a substituição do humano pela máquina e os rumos da própria Hollywood, sob a vigência dos efeitos visuais, dos personagens digitais e dos cenários gerados por computação gráfica. (Canal Universal+ do Amazon Prime Video)
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