
Um dia depois de se encontrar com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, em São Paulo, o governador Eduardo Leite confirmou à Rádio Gaúcha que mantém a disposição de concorrer à Presidência em 2026. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, Leite repetiu a frase de Tancredo Neves, de que “Presidência é destino”, mas que está à disposição para tentar construir uma candidatura alternativa ao lulismo e ao bolsonarismo.
A possibilidade de Leite ser o candidato da centro-direita ao Planalto, considerada nula há poucos dias, cresceu com a informação de que o comunicador Carlos Massa, o Ratinho, teria dito a interlocutores do presidente Lula que o filho Ratinho Júnior, governador do Paraná, não será candidato. Leite é o número 3 na fila do PSD — o primeiro é Tarcísio Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e o segundo é Ratinho, que entrou no partido antes dele.
— Eu faço política com sentido de missão, de serviço, não é para ser qualquer coisa simplesmente, é para poder fazer a diferença partir da política, como fiz como prefeito, como busco fazer como governador. Na Presidência da República, mais do que qualquer um dos outros cargos, é possível fazer a diferença.
Leite disse que se quisesse apenas ser candidato teria ficado no PSDB, mas entende que no PSD teria mais condições de “reunir forças” para viabilizar um projeto de centro, pela capacidade de Kassab de “oferecer novos caminhos ao país”.
O governador lembrou que o cenário se move com muita rapidez e que no primeiro semestre a candidatura do presidente Lula à reeleição era considerada sem chance. E que, com os movimentos de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, Lula retomou o fôlego.
— Agora o tema da segurança pública, a partir das operações no Rio de Janeiro, acabam, de alguma forma, criando um novo ambiente. Tudo isso está se alterando muito, ainda vai acontecer muita coisa. Eu vou me manter com disposição de ajudar, de colaborar com esse cenário nacional de alguma maneira, inclusive me expondo a ser candidato a presidente se o partido assim me entender. Vejo que há um caminho que pode se abrir. Defendo a despolarização, ou pelo menos a desradicalização dessa polarização.
Veja a entrevista na íntegra
E se não for candidato a presidente, qual será o futuro do governador gaúcho?
— Se não acontecer (candidatura a presidente), como eu falei, a candidatura ao Senado é uma possibilidade real, mas não é uma imposição também.
“Gabriel Souza não é uma candidatura que se impõe”
Na entrevista ao Atualidade, Leite reafirmou que sua prioridade é "construir uma coalizão com os partidos políticos que integram a base, respeitada a legitimidade de cada um deles, especialmente dos progressistas, do PDT”.
Traduzindo, significa que o vice-governador Gabriel Souza é o candidato natural a liderar o processo, mas a porta não está fechada para que outro partido da base indique o candidato a governador.
— Nesse cenário, o nome de Gabriel Souza desponta com naturalidade, porque é vice-governador, foi presidente da Assembleia, mas não é uma candidatura que se impõe, isso tem que ser construído dentro da nossa base.
Uma das possibilidades cogitadas por Leite é ficar no governo até o final e trabalhar pelo candidato do governo, numa equação que envolve os quatro cargos da eleição majoritária — governador, vice e dois senadores.
— É isso que está sendo discutido com tranquilidade. Essas conversas vão se intensificar ao longo das próximas semanas e até o início do próximo ano. E aí vamos ter um cenário um pouco mais claro sobre o que efetivamente deve se desdobrar para as eleições — completou.




