
Desde que assumiu a presidência da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, o médico Gilberto Schwartsmann trabalha para garantir aos músicos um plano de carreira com salários competitivos que impeçam os desfalques a cada vez que se abre um concurso em outros Estados. Estava tudo alinhado com o governador Eduardo Leite e com a secretária de Planejamento, Governança e Gestão, Danielle Calazans, para que o projeto de restruturação do plano de carreira fosse encaminhado à Assembleia neste ano.
Com a aproximação do final do ano, a preocupação dos músicos é com a falta de notícias. De acordo com o presidente da Associação dos Funcionários da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Rafael Figueiredo, a Ospa e o Theatro São Pedro foram as duas únicas instituições da cultura que não tiveram as carreiras reestruturadas.
— Em setembro fechamos um ano sem avanço. A Secretaria de Planejamento chegou a marcar uma reunião conosco, mas o encontro foi cancelado com a justificativa de que a secretária Danielle Calazans estava em férias e nunca mais nos chamaram — reclama Figueiredo.
Os músicos encaminharam uma carta ao governo, mostrando que os salários pagos pela Ospa estão entre os mais baixos pagos por orquestras do mesmo porte.
— A Ospa nunca teve um plano de carreira para os músicos. Ficamos de fora já em 2012, na última reformulação do quadro. Com isso, temos perdido músicos todos os anos para outras orquestras do país, e hoje a OSPA ocupa apenas a 10ª posição no ranking salarial entre as orquestras brasileiras — desabafa Figueiredo.
Governo contrapõe
A secretária de Planejamento diz que "nunca houve uma proposta pronta apresentada ao governador, nem minuta de projeto de lei para envio à Assembleia":
— O que aconteceu foram várias conversas entre a Secretaria de Planejamento, a Secretaria de Cultura e a Ospa, justamente para entender as demandas e permitir a elaboração de um estudo comparativo com outras orquestras. A ideia era avaliar a possibilidade de uma reestruturação, caso fizesse sentido.
De acordo com Danielle, esse estudo, que ainda está em andamento, analisa não só a parte da carreira, mas também o funcionamento da orquestra, as funções gratificadas e toda a estrutura administrativa.
— A Ospa não foi incluída na reestruturação do ano passado porque, além de ter um perfil diferente, o foco naquele momento eram as carreiras que dão sustentação e atuam diretamente na reconstrução do Estado, como administradores, contadores, arquitetos, engenheiros e médicos — justifica a secretária, que promete conversar com a direção e funcionários.
Danielle também disse que o pedido de aumento de remuneração foi feito em comparação com outras orquestras, mas avalia que, da forma como foi colocado, "não faz sentido":
— A metodologia que usamos em todas as outras carreiras foi diferente: estudamos, estruturamos, criamos regras de enquadramento, progressão e promoção. No caso da Ospa, há particularidades. Outras orquestras, como a de São Paulo, por exemplo, contam com recursos privados para custeio da folha, enquanto aqui o pagamento dos músicos é totalmente público. Então, essa diferença precisa ser levada em consideração.






