
O que até aqui eram conversas de bastidores, com cada um dos partidos integrantes do governo de Eduardo Leite, a partir de agora será uma discussão estruturada sobre a sucessão estadual. Leite marcou para as 18h desta quarta-feira (15) uma reunião com presidentes de partidos e líderes de bancada, na qual deve assumir o papel de condutor do processo de sucessão.
Como os secretários que serão candidatos precisam deixar os cargos até 4 de abril, o governador também precisará começar a definir com o vice Gabriel Souza e com os partidos que estiverem a seu lado como se dará a substituição.
Partido de Gabriel, candidato natural da situação, o MDB vem pedindo essa definição, até por constatar que aliados do governo se aproximaram da oposição nos últimos meses — ou fazem jogo duplo. Leite dirá ao grupo o que tem dito nas conversas reservadas: que não tem sentido estarem no mesmo projeto há sete anos (parte do grupo há 11) e, na hora de discutir a sucessão, procurar os críticos das ações do governo.
Esse recado tem dois destinatários principais: o PDT, que flerta com o PT em busca de apoio à candidatura de Juliana Brizola, e o PP, que tem uma ala cada vez mais próxima de Luciano Zucco (PL). Os dois partidos estão divididos, com alas que preferem manter a aliança governista, com a provável candidatura de Leite ao Senado, e os que preferem o afastamento.
O PP lançou seu presidente estadual, Covatti Filho, como pré-candidato a governador, numa tentativa de impedir atritos entre os defensores da candidatura de Ernani Polo a vice de Gabriel Souza e a ala mais à direita, ligada ao bolsonarismo, que prefere uma aliança com o PL. Covatti até se empolgou, seu pai chegou a dizer que ele seria candidato a governador e Zucco disputaria o Senado, mas nos últimos dias a situação se inverteu.
Em Brasília, Covatti conversa com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e com o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, sem se importar com o que desejam os prefeitos e vereadores do PP, que não foram ouvidos.
Leite sempre disse que seu candidato é Gabriel, embora nas últimas semanas tenha mudado o discurso, dizendo que não se pode começar uma negociação impondo nomes. Na prática, vem dando a Gabriel oportunidades para se tornar mais conhecido, seja representando o governo em eventos no Interior, seja dando a ele tarefas cruciais para o governo, como a coordenação dos projetos que envolvem a educação.

Nesta terça-feira (14), Gabriel foi escalado para representar o governo na abertura da Mercopar, em Caxias do Sul, acompanhado do secretário de Desenvolvimento, Ernani Polo (PP), que tem a simpatia da maior parte do empresariado gaúcho. Leite prefere Gabriel porque ele tem o domínio da máquina administrativa e é o mais preparado para defender o legado dele na campanha eleitoral.






