
O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
A nova aposta do governo após a derrota na Câmara, que complica o Planalto de fechar as contas de 2025 e de 2026, é insistir na taxação das bets. Nesta quarta-feira (8), foi aprovada a retirada de pauta da medida provisória (MP) criada como alternativa ao aumento do IOF, e que propunha aumentar a taxação sobre aplicações financeiras dentro e fora do Brasil, casas de apostas e criptomoedas — apelidada de "taxação BBB" (bilionários, bets e bancos).
Um projeto de lei será protocolado na Câmara propondo a taxação das casas de apostas em 24%, ao invés dos 12% atuais — a MP que caducou previa uma alíquota de 18%. O valor adicional arrecadado com a tarifa será destinado à seguridade social. A autoria é do líder do PT, deputado Lindbergh Farias, co-assinado pelo gaúcho Bohn Gass.
A proposta leva em conta um estudo da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, que mostra que 63% dos brasileiros que apostam tiveram parte da renda comprometida com as bets, além de que 19% pararam de fazer compras no mercado e 11% deixaram de gastar com saúde e medicamentos. O levantamento ainda estima que 2 milhões de pessoas já são viciadas em jogo no país.
— Eles criam problemas, ficam com os lucros e o governo é quem tem que pagar. Não cobrar das bets é um absurdo. O arquivamento da taxação BBB não vai nos fazer desistir de produzir justiça tributária. É mais do que justo ampliar a taxação das bets — avalia Bohn Gass, que considera o povo brasileiro como o derrotado na Câmara, e não o governo.
Segundo o jornal O Globo, a taxação das bets é uma das duas frentes com as quais o Planalto trabalha para enfrentar os prejuízos da derrota na Câmara. Além das bets, Lula planeja insistir em ampliar a tributação sobre as fintechs. O governo federal avalia também editar decretos para aliviar a perda na arrecadação prevista.




