
O que pensam os filhos de Jair Bolsonaro sobre a conversa quebra-gelo entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos? Passadas mais de três horas, nenhum dos herdeiros publicou qualquer manifestação nas redes sociais — nem os filhos, nem a ex-primeira-dama Michelle. Note-se que, no seu post sobre o encontro, Trump fez questão de destacar que ele e Lula trataram basicamente de economia e negócios. Nenhuma menção à condenação de Bolsonaro, nem ao pedido feito por Lula para levantar sanções aplicadas contra autoridades brasileiras.
Recapitulando, Trump escreveu: “Esta manhã, tive uma ótima conversa telefônica com o Presidente Lula, do Brasil. Discutimos muitos assuntos, mas o foco principal foi a economia e o comércio entre nossos dois países. Teremos novas discussões e nos encontraremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Gostei da conversa — nossos países se darão muito bem juntos!”
Ante o silêncio dos filhos, quem se manifestou brevemente foi o blogueiro Paulo Figueiredo, que age em dupla com Eduardo Bolsonaro e comemorou as sanções aplicadas contra o Brasil, para as quais gaba-se de ter uma parcela do “mérito”. Para justificar as poucas palavras, Figueiredo disse que estava interrompendo “breves férias familiares” para comentar o encontro e zombou de quem considera a conversa positiva.
“Eu estou em breves férias familiares, mas acordei embasbacado vendo a imprensa comemorando porque Trump colocou MARCO RÚBIO para NEGOCIAR com o Brasil. Zero de avanço! O grau de desconexão com a realidade é patológico. Como disse: a luz no fim do túnel é um trem”, escreveu.
É fato que Rúbio não simpatiza com Lula e muito menos com os ministros do Supremo Tribunal Federal. Que foi dele a decisão de cortar vistos de ministros e familiares e de aplicar a Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes. Isso significa que as negociações não avançarão? Impossível responder agora.
Recorde-se que Trump resumiu a conversa (da qual disse ter gostado muito) a temas econômicos e comerciais. É exatamente isso o que importa para o Brasil. Não cabe ao governo brasileiro discutir anistia, dosimetria de pena e outros que tais pleiteados pelos aliados de Bolsonaro.
O que cabe e deve pautar os próximos encontros é tratar de tarifas sobre produtos brasileiros que ficaram mais caros ou estão em falta para os americanos. Nas negociações futuras deve se falar mais de terras raras e minerais críticos (que o Brasil tem em abundância) do que de um processo judicial que não compete a Lula e a seus ministros.
Aliás
Foi Donald Trump quem ligou para Lula nesta manhã, de acordo com nota divulgada pela Secom do governo brasileiro sobre o encontro. O texto diz ainda que os dois presidentes conversaram em "tom amistoso", e que trocaram telefones para estabelecer uma via direta de comunicação.




