
Na conversa que líderes do PSB tiveram nesta terça-feira (14), em Brasília, com o prefeito de Recife e presidente nacional do partido, João Campos, o deputado Heitor Shuch e o presidente estadual, José Stédile, alertaram para a falta de nomes competitivos para a Câmara dos Deputados em 2026. É pelo risco de o PSB não atingir o quociente eleitoral e, portanto, não conquistar uma mísera cadeira que Schuch avalia, a contragosto, a possibilidade de trocar de partido.
— É um momento muito delicado. Nunca troquei de partido nem de mulher — diz o deputado em tom de brincadeira, mas sem disfarçar a preocupação com o futuro.
Schuch é casado com a mesma mulher há 32 anos e diz que nunca pensou em divórcio. No PSB, entrou em 2001, quando era presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) e recebeu o convite para se filiar. A ficha foi abonada por duas lendas do PSB: os ex-governadores Miguel Arraes e Eduardo Campos. João, o atual presidente, é filho de Eduardo e bisneto de Arraes.
Convites não faltam ao deputado, que pretende concorrer à reeleição, mas ele prefere seguir tentando viabilizar o PSB, mesmo com as divergências que levaram a direção nacional a anular, a pedido de um grupo liderado pelo ex-deputado Beto Albuquerque, o congresso estadual que reuniu mais de 150 pessoas.
Provisoriamente foi montada uma executiva com 15 membros, mas seria falso dizer que o PSB está 100% pacificado. Beto deve ser candidato a deputado estadual, mas não há nem esboço de uma nominata consistente para deputado federal.
— Em 2018, eu e mais quatro candidatos juntos fizemos 300 mil votos. Em 2022, eu fiz 77 mil e conseguimos no somatório chegar a 187 mil. Não temos cargos nem dinheiro para oferecer, nem é compatível com o nosso pensamento essa visão mercantilista da política — diz Schuch.
Para crescer, o PSB convidou a ex-deputada Manuela D’Ávila a se filiar, mas não fez um esforço genuíno para atraí-la. Hoje, Manuela está a um passo de optar pelo PSOL e ser candidata ao Senado. Ela quer ter certeza de que seu futuro partido estará na aliança do presidente Lula em 2026.
O PSB, que deu a Lula o vice Geraldo Alckmin, fundamental na vitória de 2022 por seu discurso moderado, deve perder a vaga para o MDB em 2026. Lula quer que Alckmin seja candidato ao Senado por São Paulo, para defender o governo no maior colégio eleitoral do país.
Stédile disse à coluna que João Campos não impôs qualquer tipo de veto às alianças no Rio Grande do Sul. Se depender dele, o partido tanto pode se coligar com o PT quanto com outros partidos de centro ou de centro-esquerda, como o PDT de Juliana Brizola, o MDB de Gabriel Souza (o partido é aliado do governo de Eduardo Leite) ou mesmo o PSDB de Marcelo Maranata.
O presidente estadual do PSB deixa transparecer simpatia pela candidatura de Juliana. Diz que ela será a única candidata do PDT a um governo estadual, é mulher e tem recursos para a campanha garantidos pelo presidente Carlos Lupi.
— Lupi vai tensionar para que as candidaturas próximas a Lula estejam com Juliana. E Juliana já nos disse com todas as letras que vice não será. Ou concorre a governadora ou a deputada federal.




