
O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Uma homenagem ao Estado de Israel e às vítimas do ato terrorista de 7 de outubro na Câmara de Porto Alegre foi adiada por questões de segurança. A presidente da Casa, Comandante Nádia (PL), relata que tomou esta decisão após os "mais reiterados ataques dirigidos ao meu espectro político" na última sexta-feira (3).
Foi nesse dia que estudantes da UFRGS foram detidos no Legislativo, durante uma visita guiada, após uma professora que liderava o grupo colar um adesivo escrito "fogo nos racistas" em cima da foto de Nádia, posicionada na parede do gabinete. A vereadora ficou ofendida com a situação, alegando ter se sentido ameaçada de morte, acionou a Brigada Militar e registrou boletim de ocorrência.
— Ante a rede social de vários estudantes, que inclusive fizeram um vídeo dizendo que segunda-feira (dia 6) retornariam para mais manifestações, tivemos que ter atenção redobrada à integridade física dos vereadores e da comunidade judaica. Eles não falaram nessa homenagem ao Estado de Israel, seria numa continuidade do adesivo colado na minha foto, pelo que deu para entender — explica Nádia.
A presidente da Câmara garantiu que uma nova data para a homenagem será marcada.
— A homenagem ao Estado de Israel deve ser feita com dignidade e respeito que a ocasião merece. Não podemos aceitar que a Câmara seja um ringue aberto. Manifestações são bem-vindas, mas sempre primando pela tolerência. Não vamos tolerar nenhum tipo de ameaça.
À coluna, a presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul (Firs), Daniela Raad, lamentou o adiamento da solenidade, que serviria para transmitir uma "mensagem verdadeira de paz e coexistência, livre de extremismos, terrorismo e intolerância".
— Teve o episódio em que a Comandante Nádia sofreu ameaças diretamente, inclusive teve o adesivo colado na porta dela. Ameaçaram que a sessão seria tumultuada e, por uma questão de segurança, por entender que não seria um ambiente seguro para fazer uma homenagem de paz, fomos comunicados no domingo do adiamento. Foi por uma questão de preservação, porque as coisas escalaram muito — ratifica Daniela.
Nota fala em antissemitismo
Em nota divulgada à imprensa, a Federação Israelita repudiou os ataques "que forçaram o adiamento" da homenagem e prestou solidariedade à Nádia.
"Para a Firs, o episódio é um triste lembrete de que o ódio e a intolerância ainda persistem, atingindo não apenas representantes públicos, mas também a comunidade judaica e todos que defendem o direito à convivência pacífica e ao respeito mútuo", diz trecho do texto.
Na mesma nota, Daniela Raad cita que a remarcação da homenagem "é a prova de que o antissemitismo e o ódio político ainda encontram espaço para se manifestar", mesmo que os estudantes, nas suas manifestações, não tenham citado Israel, o povo judaico ou elementos do conflito em Gaza.
“Quando o medo tenta silenciar a lembrança de vítimas inocentes e a celebração de um Estado democrático e plural como Israel, estamos diante de um ataque simbólico à liberdade e à própria democracia brasileira. Não podemos normalizar esse tipo de violência”, disse a presidente da Firs, no documento.






