
De tanto os políticos usarem a estratégia do quero-quero, ave-símbolo do Rio Grande do Sul — que canta para um lado quando o ninho está para outro — até quando um governador diz o óbvio ficamos nos perguntando se não estará tentando esconder o jogo. É o caso do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, que nos últimos dias vem repetindo que será candidato à reeleição.
É uma escolha lógica, dado que as pesquisas indicam vitória fácil, mas a dúvida se instala quando ele visita o ex-presidente Jair Bolsonaro e garante imagens do encontro com um líder que está em prisão domiciliar. As fotos mostram Tarcísio com Bolsonaro e dois dos filhos do ex-presidente — o senador Flávio e o vereador Jair Renan, de Balneário Camboriú (SC).
Deixar-se fotografar na visita ao presidente condenado pode ser apenas um gesto humanitário, como disse o presidente Lula quando foi à casa da ex-presidente Cristina Kirchner, que está em prisão domiciliar na Argentina. Pode ser, também, que ali adiante o governador mude de ideia, se o Centrão e a família Bolsonaro pedirem para ser candidato a presidente.
Ao sair da casa de Bolsonaro, Tarcísio reafirmou que é candidato à reeleição em 2026 e que foi prestar apoio e solidariedade, sem nenhum interesse. De acordo com o relato de diferentes veículos, Tarcísio afirmou:
— Vim visitar um amigo, que foi importante na minha trajetória. O (ex) presidente está passando por um momento difícil. É muito triste. A gente conversando e ele soluçando o tempo todo.
As pesquisas para presidente mostram que Tarcísio tem chances, mas não é favorito. Além disso, para enfrentar uma campanha presidencial ele terá de enfrentar as críticas por ter usado o boné com a frase Make America Great Again e ser um admirador de Donald Trump, o homem que está prejudicando os exportadores brasileiros com um tarifaço de origem política, imposto para tentar impedir a condenação de Bolsonaro.




