
Vestidos como irmãos gêmeos — terno azul e camisa azul claro, sem gravata —, os governadores Eduardo Leite e Tarcísio Gomes de Freitas participaram lado a lado de um fórum organizado pela revista Veja, em São Paulo, e conversaram a sós por mais de uma hora no Palácio dos Bandeirantes. Os dois mostraram que têm em comum mais do que o figurino.
Exibiram um discurso afinado em defesa das privatizações de das concessões, como forma de realizar obras que os Estados não têm dinheiro para executar.
Depois do painel, Leite seguiu para o Palácio dos Bandeirantes no carro de Tarcísio. A conversa, definida pelo governador gaúcho como “muito boa”, durou mais de uma hora:
— Foi uma ótima conversa. Temos muitos pontos de convergência nas agendas de nossos governos. Naturalmente, esses pontos em comum nos fazem conversar, também, sobre uma visão comum para o futuro do Brasil. Diálogo sobre projeto, não sobre candidaturas.
O tempo e as expressões nas fotos tiradas durante o encontro indicam sintonia fina em temas que estarão em debate na campanha de 2026, hoje marcada por incertezas. Uma coisa, porém, é certa: Leite e Tarcísio estarão no mesmo palanque.
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, já disse que se Tarcísio for candidato o partido vai apoiá-lo. Se optar por concorrer à reeleição, o PSD estará com Tarcísio em São Paulo e escolherá seu candidato entre Leite e Ratinho Júnior. Os dois são governadores em segundo mandato e, se não disputarem o Planalto, como candidato a presidente ou vice, concorrerão ao Senado.
As concessões entraram na pauta porque os dois têm mais uma coisa em comum: sofrem críticas pela adoção do pedágio modelo “free flow”, sem cancelas. São Paulo tem as melhores rodovias do país, a maioria delas concedidas à iniciativa privada. Leite conseguiu em sete anos conceder somente a RS-287 (Rota de Santa Maria) e o bloco que inclui a RS-122, ligação com Caxias do Sul, primeira experiência de free flow no Estado.
Leite e Tarcísio têm outros projetos em comum. Assim como São Paulo, o Rio Grande do Sul está começando a implantar um programa inspirado no Puente, do Chile, de apoio a famílias em situação de vulnerabilidade. Os dois também concordam com a bonificação de professores, condicionada ao cumprimento de metas.
O que os dois conversaram sobre eleições ficará entre eles. Leite diz que trocaram impressões políticas sobre as eleições futuras, mas sem falar de nomes. Tarcísio mantém o mistério sobre o que planeja fazer e Leite está amarrado a essa decisão para definir o seu próprio futuro.
Os dois criticam a radicalização, mas Tarcísio já deu seguidas demonstrações de apoio a Jair Bolsonaro, convencido de que precisa do ex-presidente para se eleger. Enquanto isso, Leite critica os movimentos da família, especialmente de Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos, que resultaram em sanções ao Brasil, com sérios prejuízos à indústria nacional.




