
Por coincidir com a escolha do presidente da República e dos governadores, a eleição para deputado estadual e federal – e até para senador – tem sido negligenciada pelos eleitores gaúchos.
Vota-se por critérios que não deveriam ser decisivos para a escolha de um candidato, como a destinação de uma emenda para a comunidade, a participação nas festas regionais ou a performance do (a) candidato (a) nas redes sociais, critério que poderia servir para eleger o influenciador digital do ano, não quem vai fazer as leis e fiscalizar o Executivo.
Em 2026, o Rio Grande do Sul deverá perder dois deputados – em vez de 31, elegeremos 29 – porque o presidente Lula vetou o projeto que ampliava o número total de parlamentares de 513 para 531.
Como não há sinais de que o Congresso derrube o veto até o início de outubro, o mais provável é uma redistribuição de cadeiras, o que significará ampliar a representação de Estados que tiveram aumento da população, caso de Santa Catarina, e reduzir a dos demais.
Para além da questão numérica, o eleitor gaúcho precisa pensar em qualidade da representação. Na atual legislatura, a bancada federal gaúcha não tem conseguido destaque nacional, nem vitórias substantivas na defesa dos interesses do Rio Grande do Sul.
Parte dos deputados (e o eleitor não terá dificuldade em identificar quais são) está mais preocupada em destruir do que em construir; em gravar vídeos para as redes sociais do que assumir a relatoria de projetos; defender seu ídolo do que abraçar as causas do seu Estado.
Na Assembleia, contam-se nos dedos os deputados que dão contribuição efetiva à qualificação da política. Como então não cair em cilada na eleição de 2026?
Em primeiro lugar é preciso estudar o perfil dos candidatos. Prestar atenção não ao que diz ou promete, mas ao que já fez como político, líder comunitário, cidadão. Para os que já têm mandato, os portais de transparência são ótimos conselheiros. Convém olhar os projetos, as faltas, os gastos (e fazer contas para ver se, por exemplo, as despesas com gasolina são compatíveis com a atividade do deputado).
Para os que não têm, é toda a vida pregressa que conta, seja na prefeitura, na Câmara de Vereadores, na associação de pais e mães, na profissão, na empresa, na cooperativa. Até o portal JusBrasil pode ser uma boa fonte de consulta. Se o sujeito não é advogado, ter dezenas de processos pode ser um indicador de que a pessoa é dada ao conflito.
Duas vagas em disputa no Senado
A eleição para senador não é menos importante. Se os deputados representam os eleitores e, por isso, o número de cadeiras é proporcional ao da população, o Senado é a casa dos Estados. Todos têm três cadeiras, duas das quais serão renovadas em 2026.
No caso do Rio Grande do Sul, estão em disputa as cadeiras de Paulo Paim (PT) e de Luis Carlos Heinze (PP). Paim já avisou ao PT que pretende se aposentar e não disputará a reeleição. Heinze quer concorrer novamente. O terceiro senador, Hamilton Mourão (Republicanos), eleito em 2022, tem mandato até 2030.
Se os senadores representam os Estados, convém pesquisar o que fazem para merecer a reeleição ou o que fizeram os desafiantes. Hoje o quadro ainda é bastante confuso. O PL lançou o deputado Ubiratan Sanderson e fechou aliança com o deputado Marcel van Hattem (Novo) – a atuação dos dois pode ser conferida no portal da Câmara dos Deputados.
O PSD deve lançar Eduardo Leite, se ele não conseguir atingir se viabilizar como candidato a presidente. Na frente de esquerda capitaneada pelo PT, o nome já posto é o do deputado Paulo Pimenta, cuja atuação pode ser conferida no portal da Câmara e na passagem pela Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto e pela pasta da Reconstrução, no Rio Grande do Sul. A outra possibilidade é a ex-deputada Manuela D’Ávila, que concorreu a vice de Fernando Haddad em 2018, disputou a prefeitura de Porto Alegre em 2020 e está sem mandato há sete anos.




