
Com a desistência do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), de dar um emprego de fachada ao futuro ex-deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), restou Jorginho Melo (PL), de Santa Catarina, como tábua de salvação para o filho Zero Três do ex-presidente Jair Bolsonaro. É difícil acreditar que o governador de Santa Catarina se preste a criar uma secretaria fantasma para acomodar Eduardo, que trabalharia dos Estados Unidos, em modo remoto, por medo de ser preso ao entrar no Brasil.
A manobra para Eduardo virar secretário tem por objetivo preservar o mandato dele, já que terminada a licença ele começa a ter as faltas descontadas e corre o risco de ser cassado por não comparecer às sessões ordinárias. Um convite para ser secretário de Estado permitiria ao deputado se licenciar do mandato, podendo optar pelo salário da Câmara, que é maior.
Mesmo em se tratando de Santa Catarina, o Estado mais bolsonarista do Brasil, Jorginho Melo pode barrar a pretensão por três motivos: medo de um processo no Superior Tribunal de Justiça, pressão dos empresários que já cortaram as asas do vereador Carlos Bolsonaro — que planejava transferir o domicílio eleitoral e concorrer a senador —, e preocupação com a reeleição, pela repercussão negativa de uma nomeação fraudulenta para proteger o homem que está nos Estados Unidos conspirando contra o Brasil.
Eduardo Bolsonaro já deu sobradas demonstrações de que não está preocupado com as indústrias brasileiras, nem com o agronegócio. Sua motivação é egoísta: quer salvar o pai no julgamento pelo Supremo Tribunal Federal e criar um clima de quanto pior melhor, convencido de que assim estará prejudicando o presidente Lula.
Sem poder receber dinheiro do pai para se sustentar com a família nos Estados Unidos, nem poder vender os imóveis que tem em seu nome — porque o ministro Alexandre de Moraes bloqueou os repasses e a transferência de patrimônio —, Eduardo terá de ser sustentado por seus aliados da direita americana. Como disse o pai, ao contar que enviara R$ 2 milhões para o filho nos Estados Unidos, é caro viver na terra de Donald Trump, ainda mais para quem não tem uma fonte de renda.


