
O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Com discurso empolgado e pregando humildade, Onyx Lorenzoni assinou sua ficha de filiação ao Progressistas no início da tarde desta segunda-feira (16). Ele deixa o PL, partido pelo qual concorreu a governador em 2022. Sem discursar no ato, o ex-ministro falou à imprensa e defendeu um novo ciclo para o Rio Grande do Sul em 2027, pregou a união da direita e chamou a nova legenda de "família".
O PP flertava com Onyx desde o final de 2024, quando ele foi sondado pela primeira vez para trocar de sigla. Desde então, conversou com amigos e pessoas próximas ligadas ao partido, como o presidente nacional Ciro Nogueira e a senadora Tereza Cristina, que convenceram Onyx a fazer a mudança.
As conversas se intensificaram nos últimos 20 dias. O martelo da troca foi batido no último dia 11, mesma data em que Onyx teve um encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem recebeu a bênção para ingressar no Progressistas.
Apesar de entrar no partido como pré-candidato a deputado federal, Onyx disse que não há condicionantes na sua filiação e se colocou à disposição da sigla. Além disso, diz que vai defender internamente um novo ciclo no governo gaúcho.
— Não venho aqui para estabelecer nenhum conflito. Caminhamos para o encerramento de um ciclo e vai se abrir no próximo ano a oportunidade de haver um novo. A gente precisa olhar com muito respeito, com muito carinho, porque o povo gaúcho está muito sofrido e ele precisa buscar e encontrar novos caminhos. É a minha opinião, que vou compartilhar dentro do partido e, se o partido julgar que este poderá ser o caminho, eu vou ficar muito honrado de poder construir algo nesse sentido — defende Onyx.
Um dos fatores que pesaram para a saída foi a relação turbulenta com alguns integrantes do PL. Onyx optou por não falar do passado, mas defendeu a união da centro-direita quando questionado sobre os motivos que o fizeram trocar de partido:
— A centro-direita brasileira tem que estar unida para retomar o Brasil e o Rio Grande do Sul. Esse é um trabalho que tem que ser feito a muitas mãos. A gente tem que deixar a vaidade, a afoiteza, a precipitação de lado e trabalhar com a união, com a humildade e com a condição de poder reunir o maior arco de aliança possível. Ninguém pode ser candidato de si mesmo.
No novo partido, Onyx usará o segundo semestre para percorrer o Interior. A partir das agendas, a ideia do PP é que o novo filiado participe da elaboração do projeto de Rio Grande do Sul da federação União Progressista. O material deve ser concluído e divulgado até o final do ano.
A incursão pelo Estado deve começar em agosto. Até o dia 20 de julho, Onyx ainda mantém compromissos da sua agenda pessoal, com palestras em Portugal e encontros com partidos da direita europeia.
Mais trocas
O PP também articula a filiação do deputado estadual Rodrigo Lorenzoni, filho de Onyx. Por estar em mandato, o processo de troca de partido depende de autorização do diretório nacional do PL, do qual é filiado.
Rodrigo espera obter a carta de desfiliação já nesta terça-feira (17) do presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, com quem tem boa relação. A ficha terá de ser encaminhada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e o deputado espera filiar-se ao PP até o final de julho.
Além dele, o Progressistas tem conversas avançadas com a deputada federal Any Ortiz (Cidadania). Se aceitar a proposta, ela também vai precisar do aval da sua legenda para a troca. A sigla sonha com Any para fortalecer e ampliar o eleitorado da Capital. Segundo o presidente do PP, Covatti Filho, o namoro com a parlamentar está próximo de se transformar em casamento.
— Demonstra que os Progressistas vão buscar protagonismo ano que vem. Vamos ter a vinda não só de deputados, mas prefeitos, vices e vereadores. Números vão aumentar — antecipa Covatti.