
Um dia depois de a coluna divulgar que o governo decidiu não repassar recursos do orçamento à escola de samba Portela, o governador Eduardo Leite postou em seu perfil no Instagram um vídeo reafirmando a decisão e garantindo apoio institucional ao projeto.
— Eu vou ser direto. Não serão aportados recursos do orçamento do governo do Estado na escola de samba Portela. Essa decisão já foi tomada. Nós estamos enfrentando mais um momento difícil no Rio Grande do Sul por conta de eventos climáticos. E os recursos do Estado estão e vão seguir sendo priorizados na reconstrução, no amparo às famílias e na retomada da vida dos gaúchos, mas isso não nos impede de reconhecer o valor de um projeto que homenageia a contribuição do povo negro à história gaúcha — disse Leite em tom de desabafo.
Desde que a notícia sobre o possível apoio financeiro veio à tona, Leite vinha enfrentando uma saraivada de críticas de opositores e de cidadãos que consideram o apoio à Portela incompatível com a situação que o Estado está vivendo. No vídeo, Leite diz que o assunto foi “inflacionado ideologicamente”:
— Não é sobre festa, é sobre memória, é sobre justiça numa causa necessária e reparadora. Infelizmente, a gente vive em tempos em que o simples gesto de considerar homenagear a nossa história vira munição para discursos oportunistas, num assunto que ganhou luz no pior momento e que foi inflacionado ideologicamente.
Em outro trecho, o governador diz que “a Portela é uma instituição respeitada e está oferecendo ao Rio Grande do Sul um trabalho muito potente de exaltação da cultura negra do nosso Estado na maior vitrine cultural do Brasil”.
No trecho final, Leite reafirmou o apoio institucional, auxiliando a viabilizar o enredo inclusive com parceiros privados, e encerrou com uma resposta indireta aos que criticaram o recuo:
— Aqueles que tentam transformar essa discussão numa falsa escolha entre cultura e reconstrução estão, na verdade, tentando minar os dois pilares que sustentam um povo: a sua identidade e a sua esperança. A gente está, sim, ao lado de quem mais precisa, mas a gente também está ao lado daqueles que têm uma história que precisa ser contada, uma memória que precisa ser honrada e uma cultura que precisa ser valorizada. Esse é o Rio Grande do Sul que eu acredito. Um Estado que reconstrói as suas casas, mas também reconstrói as suas narrativas. Um Estado que ergue pontes, mas também ergue vozes.