
O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi à Justiça contra o ex-ministro Ciro Gomes. Representado pela Advocacia-Geral da União (AGU), Lula ingressou com interpelação judicial contra Ciro em razão de supostas ofensas a sua honra proferidas pelo político cearense.
O processo tramita na 11ª Vara da Justiça Federal do Ceará. A juíza Danielle Carvalho abriu prazo de cinco dias para Ciro prestar explicações sobre o caso, que venceu na segunda-feira (2) sem que o ex-ministro tenha se manifestado.
Na petição inicial, a AGU aponta que Ciro teria imputado a Lula o cometimento de dois fatos criminosos em vídeo divulgado no YouTube e Instagram, no qual critica a criação do programa de empréstimo consignado para trabalhadores do setor privado, batizado de "Crédito do Trabalhador".
— Lula segue sua história de encher o bolso dos banqueiros, enquanto fragiliza a população — diz Ciro, em trecho do vídeo.
A AGU aponta que o ex-ministro insinuou que Lula teria se beneficiado de propina para implementar a política e que teria obtido vantagem ilícita no escândalo do Mensalão. Conforme a AGU, as afirmações imputam a Lula os crimes de peculato e corrupção passiva.
"Foram ataques de extrema gravidade, pois maculam a reputação da instituição presidencial, atingindo a sua credibilidade e interferindo no exercício pleno da função pública", diz trecho da interpelação.
Sem a resposta de Ciro, a AGU poderá ingressar com ação judicial contra o ex-ministro pelo crime de calúnia contra Lula.
A coluna procurou a assessoria de Ciro Gomes, que não enviou posicionamento até a atualização mais recente da publicação. Em newsletter enviada a assinantes na segunda, Ciro reproduziu o conteúdo do vídeo com o título "LULA QUER ME CALAR - CENSURA NÃO!".
Relação conflituosa

Adversários diretos em três eleições presidenciais, Ciro e Lula já foram aliados. O ex-governador do Ceará foi ministro da Integração Nacional no primeiro governo do petista e fez coligações com o PT no Ceará.
A relação começou a se desgastar a partir da eleição presidencial de 2018 e se deteriorou em 2022, quando Ciro subiu o tom nas opiniões contra Lula. Hoje, o ex-ministro é crítico do governo federal, sobretudo da política econômica, e organiza uma frente de oposição ao PT no Ceará.