
Ao ser questionado sobre a polêmica do possível apoio financeiro do governo gaúcho à escola de samba Portela, no Carnaval de 2026, o governador Eduardo Leite disse nesta quinta-feira (19) à rádio CDN de Santa Maria que não haverá “aporte substancial de recursos”. Leite não especificou o conceito de substancial, mas garantiu que “o Estado nunca ajustou com a Portela pagar o desfile”.
— O que nós nos dispusemos foi, de alguma forma, apoiar. O que, eventualmente, seja alguma despesa do Estado. Como a gente faz em relação a diversos outros eventos e ações — argumentou o governador.
Perguntado sobre de quanto seria essa contribuição, Leite respondeu:
— Não tem isso acertado. De alguma forma vamos apoiar, acolhendo aqui as pessoas que estão fazendo as pesquisas do Carnaval, dos carnavalescos, que vêm para analisar a cultura negra no Rio Grande do Sul. A gente dá esse suporte. Não está nem decidido se haverá aporte direto de recursos do Estado. O Estado de alguma forma coloca servidores à disposição, o que pode ser entendido inclusive como recursos que estão sendo aplicados. O Estado está ajudando, mas de maneira nenhuma vai pagar o desfile. Eu já vi gente falando que ia gastar R$ 20 milhões, mas nem perto, muito distante disso.
No dia 13 de junho, o Diário Oficial do Estado publicou uma decisão do governador declarando nove pessoas como “hóspedes oficiais do Estado”, nove pessoas convidadas a “a atuarem no evento de imersão e pesquisa sobre os aspectos identitários da negritude do Rio Grande do Sul, no período de 17 a 20 de junho de 2025”, nos municípios de Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande. Isso significa que o Estado se responsabiliza pela hospedagem, alimentação e transporte dos convidados.
Na entrevista à rádio de Santa Maria, Leite reclamou das críticas da oposição e disse que está havendo “uma grande confusão e um uso político muito claro”. Lembrou que não foi ele quem procurou a Portela, mas a escola que procurou o Estado para fazer a homenagem ao povo negro, que ele considera "bastante relevante e meritória”.
— Aliás, infelizmente, o Estado tem, inclusive, um problema reputacional, porque quando se fala nacionalmente sobre negros no Rio Grande do Sul, destacam-se algumas situações de racismo, tentando imputar ao Rio Grande do Sul a pecha de um Estado racista. O que naturalmente nós temos episódios, como se tem no Brasil inteiro, de racismo, e nós lamentamos e repudiamos tudo isso, mas não é o caso de entender-se o Rio Grande do Sul como um Estado racista. Não é um Estado racista. E nesse sentido é uma oportunidade de mostrar isso — disse na entrevista.