O jornalista Fábio Schaffner colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.

Se depender do governo Eduardo Leite, os deputados estaduais não votam mais nenhum projeto polêmico até o final do mandato. Faltando um ano e meio para o término da legislatura, o Piratini não quer criar cisões na base aliada. Todos os esforços a partir de agora são para conduzir o consórcio governista, de preferência sem nenhuma defecção, para o palanque do vice-governador Gabriel Souza.
Na agenda do Piratini, há apenas três projetos importantes para serem votados até dezembro, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o Orçamento de 2026 e o Propag, esse último caso haja avanço na renegociação da dívida com a União. Ou seja, são matérias ordinárias, meros compromissos formais, sem riscos de derrota nem desgaste. No ano que vem não deve ser diferente.
Essa pauta discreta marcou quase todo o segundo mandato de Leite. Embora tenha mantido praticamente a mesma produção legislativa - foram 122 projetos do Executivo votados nessa gestão, ante 131 no mesmo período do primeiro governo -, a diferença se dá na complexidade dos temas discutidos. Em seu debut no cargo, Leite aprovou reformas administrativa e previdenciária, inclusive dos policiais militares, a reformulação do plano de carreira do magistério e a privatizações de estatais, além da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal. Já no segundo mandato, o único tema de maior impacto foi a reforma no IPE Saúde.
- O governador adotou um ritmo forte na entrada e isso nos permitiu avançar em temas que jamais tiveram solução política em gestões anteriores. O resultado foi uma diminuição no déficit das contas públicas, uma administração eficiente do custeio e um aumento da capacidade de investimento do Estado. Agora temos um trabalho enorme na recuperação da estrutura afetada pela enchente - afirma o líder do governo na Assembleia, Frederico Antunes (PP).
Na oposição, o entendimento é diferente.
- Leite dizia que haveria mais recursos para saúde, educação e desenvolvimento. Mas o Estado não cumpre o investimento mínimo de 25% em educação, 12% em saúde e a lei de diretrizes orçamentárias para 2026, oitavo ano desse governo, projeta um déficit de R$ 3,6 bilhões - critica o líder do PT, Miguel Rossetto.