
O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Até o final da próxima semana o governador Eduardo Leite vai decidir se recria a Secretaria de Política para as Mulheres. O pedido é encabeçado pela deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB), que é procuradora da mulher na Assembleia Legislativa, e foi tema de reunião nesta quarta-feira (18) entre o governador e parlamentares mulheres que apoiam a volta da pasta.
Leite recebeu Bruna e outras nove deputadas estaduais, além de Franciane Bayer (Republicanos), representando a Comissão Externa sobre os Feminicídios no RS instalada na Câmara dos Deputados. As parlamentares entregaram ao governador um documento com diversas considerações sobre indicadores de violência contra mulheres no Estado.
Um deles é o de feminicídios. Nos primeiros quatro meses de 2025 foram registrados quase 20% mais casos em solo gaúcho na comparação com o mesmo período de 2024 (até 23 de abril deste ano, 31 mulheres foram vítimas de ex-companheiros enfurecidos).
— Somos o quinto Estado que mais perde mulheres por este tipo de crime e é imprescindível que se pensem ações articuladas pela proteção dessas vidas. Contar com uma secretaria especial, nos moldes do que nosso Estado já contou há 10 anos atrás, é ter um instrumento que possa coordenar e articular ações, estar dotada de orçamento específico para tal e conseguir, com isso, um acompanhamento dedicado e exclusivo às políticas públicas para mulheres — defende Bruna Rodrigues.
Desde o feriado de Páscoa, em abril, quando 10 mulheres foram vítimas de feminicídios no RS, Bruna se mobiliza para fortalecer as ações do Estado na proteção das mulheres. Na Assembleia, ela conseguiu apoio de 51 dos 55 deputados para a recriação da secretaria dedicada às gaúchas.
Uma nova reunião está marcada para a próxima terça-feira (24), quando Leite prometeu dar uma resposta às demandas das parlamentares. O governador está sensibilizado com a força do pleito e com a representatividade das deputadas, que mesmo sendo de diversas regiões do Estado e de partidos distintos se uniram em torno da causa.
Até a próxima semana, o Piratini vai se debruçar sobre a estrutura do governo para analisar se há condições de recriar a Secretaria das Mulheres ou ampliar as medidas de atenção ao público feminino. No mês passado, o governo já admitia a possibilidade de reorganizar o governo para encaixar a nova pasta, mas antes queria demonstrar as ações que já fez na área.
— As políticas públicas existem. Vejo muitas discussões sobre o orçamento, mas as políticas existem. Na média, o número de feminicídios vem caindo no nosso governo. Mas, sou sensível aos argumentos que estão sendo trazidos pela Assembleia e estamos avaliando como seria essa estrutura — concluiu o governador.