
O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Em meio ao alagamento que afetou praticamente metade da cidade de Canoas na semana passada, o prefeito Airton Souza e o governador Eduardo Leite se alfinetaram em entrevistas à Rádio Gaúcha, quando abordaram os recursos estaduais para a proteção contra cheias dos rios. Agora, o canoense quer propor uma espécie de bandeira branca, para deixar este episódio para trás e avançar no diálogo para obtenção dos valores.
Os dois falaram com a Rádio Gaúcha em 18 de junho. Ao Gaúcha Atualidade, Airton reclamou da demora do Estado em liberar dinheiro do fundo da reconstrução (Funrigs). Mais tarde, ao Timeline, Leite argumentou que foi a prefeitura quem se atrasou no envio da documentação, e que os problemas no bairro Mathias Velho foram causados por falhas na drenagem, ou seja, de responsabilidade do município.
A documentação para habilitação da prefeitura de Canoas no programa Fundo a Fundo da Reconstrução foi entregue em 20 de maio. Os dias seguintes foram de análise do corpo técnico da Secretaria Estadual da Reconstrução (Serg). No dia 30, foi feita avaliação pelo Comitê Científico do Plano Rio Grande, que solicitou mais informações e ajustes. O processo foi encaminhado para uma segunda análise, em 16 de junho, que segue em andamento.
Se estiver tudo certo após a segunda análise, o recurso será liberado. O pleito da prefeitura canoense é de aproximadamente R$ 600 milhões, mas nem todo recurso pode ser disponibilizado. A expectativa da Serg é concluir todo o processo até o final do mês. Em nota enviada à coluna, a pasta diz que tem relação "contínua e transparente" com o corpo técnico da prefeitura, com quem têm colaborado desde janeiro deste ano.
Mesmo com intenção de deixar a disputa de versões de lado, o secretário Geral de Governo de Canoas, João Batista Portella Pereira, alega que o município atendeu os prazos do Estado, que havia prometido os recursos até o dia 15 de junho. Portella pretende reunir-se com o Piratini ainda nesta semana para agilizar a liberação da verba.
— Compreendemos que os processos técnicos precisam ser cumpridos, porém, diante de mais uma chuva, esperamos que essa análise possa ser agilizada. Temos a convicção de que a Secretaria da Reconstrução, com a sensibilidade dos seus gestores e diante da preocupação do governador com os canoenses, irá atender nosso apelo para liberar este recurso ainda em junho — afirma.
Portella argumenta que a prioridade é garantir segurança aos moradores das áreas mais afetadas quando chove. Na semana passada, mais de 100 mil pessoas foram afetadas e 700 famílias ficaram desalojadas.
O valor será repassado por meio do programa Fundo a Fundo da Reconstrução, com objetivo de viabilizar financiamento de projetos e estruturas para sistemas de contenção de cheias já existentes nas cidades. As prefeituras podem utilizar os recursos para melhorias na drenagem urbana, recuperação de diques e manutenção de casas de bombas, por exemplo.
O primeiro e único município contemplado até agora com valores do programa estadual foi Porto Alegre, que recebeu R$ 171 milhões em 4 de junho. Canoas deverá ser a segunda cidade contemplada, das 29 que manifestaram interesse e ainda aguardam retorno.