
Um mês depois de o MDB liberar o deputado Osmar Terra para tomar seu rumo sem risco de perder o mandato, o parlamentar anunciou neste domingo (18) o que todos já sabiam há mais de um ano: que ele vai para o PL de Jair Bolsonaro. A nota em que Terra finalmente confirmou sua saída do MDB tem como título “Uma trajetória com princípios não se curva a conveniências”.
Embora tenha se aliado a Bolsonaro quando ele ainda era presidente, Terra atribui a saída do MDB à participação no governo Lula. Na nota, ele escreveu: “Não posso compactuar com o apoio ao governo Lula e tampouco com a aproximação com líderes e projetos que representam o que há de mais distante da boa gestão pública, da ética e da liberdade individual. Não sou, e nunca serei, linha auxiliar do petismo”.
Terra, que na juventude era vinculado ao Partido Comunista, começou a se afastar do MDB no início da epidemia de covid, quando negou a gravidade da doença e fez sucessivas previsões equivocadas sobre a duração do período crítico. Em 2022, recusou-se a apoiar a candidatura de Simone Tebet e se manteve ao lado de Bolsonaro.
No Rio Grande do Sul, ficou no grupo do prefeito Sebastião Melo, que preferiu Onyx Lorenzoni (PL) a Eduardo Leite (PSDB), que concorria com o apoio oficial do MDB, tendo Gabriel Souza como vice.
Em dezembro de 2024, Terra posou para uma foto com o deputado Giovani Cherini, presidente estadual do PL, e o deputado Maurício Marcon (eleito pelo Podemos, mas que deve se filiar ao partido em março de 2026). Cherini distribuiu a foto com autorização de Terra, mas, após a publicação pela coluna, gravou um longo vídeo endereçado aos companheiros do MDB dizendo que tinha recebido o convite, mas nada estava definido.

Os líderes do MDB não acreditaram e passaram a defender a saída imediata, para evitar que Terra continuasse a causar constrangimentos com as críticas ao partido em geral e ao vice-governador em particular. No dia 16 de abril deste ano, em breve reunião, a executiva estadual aprovou uma carta de anuência, liberando o deputado a trocar de partido sem risco de perder o mandato.
Confira a íntegra da nota:
Uma trajetória com princípios não se curva a conveniências.
Após mais de 40 anos de dedicação e lealdade ao MDB, chegou o momento de encerrar esse ciclo. Não por vaidade ou ambição pessoal, mas por coerência com os valores que sempre me guiaram: o respeito à família, à liberdade, ao mérito e à responsabilidade com o futuro do Brasil.
Foram décadas construindo pontes, debatendo ideias e defendendo os interesses do povo gaúcho e brasileiro dentro do MDB. Mas, nos últimos anos, o partido passou a trilhar um caminho que contraria frontalmente aquilo que acredito — ao apoiar governos que caminham na contramão do que defendo, tanto no Rio Grande do Sul quanto no plano nacional.
Não posso compactuar com o apoio ao governo Lula e tampouco com a aproximação com líderes e projetos que representam o que há de mais distante da boa gestão pública, da ética e da liberdade individual. Não sou, e nunca serei, linha auxiliar do petismo.
Entro agora em um novo momento, ao lado de brasileiros que compartilham do mesmo compromisso com o país. Me filio ao Partido Liberal (PL) com a tranquilidade de quem mantém intacta sua coerência e seus princípios.
Aos 75 anos, sigo com energia, experiência e determinação para continuar lutando por um Brasil melhor — onde a verdade tenha espaço, onde a liberdade seja respeitada e onde os interesses da população estejam acima de tudo.
Agradeço aos que estiveram comigo nessa longa jornada dentro do MDB. Mas é hora de seguir em frente. O futuro se constrói com coragem.”