
O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
O documentário Todos Nós Por Todos Nós lançado pelo Estado sobre a enchente deixou líderes do PT em polvorosa. O deputado Miguel Rossetto (PT), que na terça-feira (13) usou dois tempos de liderança na tribuna da Assembleia para criticar o filme e afirmar que faria representação contra o governo estadual pedindo ressarcimento aos cofres públicos, agora quer que o secretário de Comunicações, Caio Tomazeli, preste esclarecimentos na Assembleia.
Rossetto entregou requerimento à Comissão de Serviços Públicos do Legislativo para que Tomazeli "possa explicar sobre o documentário, tendo em vista as denúncias que envolvem o documentário e a grande repercussão nos últimos dias". O deputado quer esclarecer quanto foi gasto na produção e divulgação do filme, se houve processo licitatório e como foi a contratação para gravar, produzir e promover o conteúdo.
Agora o requerimento terá de ser votado na comissão e precisa de maioria simples dos 24 integrantes. Rossetto já negociou com outros parlamentares e garante ter os votos necessários para aprovar o convite, que será deliberado na sessão da próxima quinta-feira (22).
Além disso, o petista se antecipou à Comissão de Serviços Públicos e enviou e-mail direto para o secretário Tomazeli informando sobre o requerimento e sugerindo que ele compareça à sessão da próxima quinta para já fazer seu depoimento.
Na sessão de terça da Assembleia, Rossetto afirmou que o documentário servia apenas para o governador Eduardo Leite se autopromover, de olho em 2026. Além disso, avisou que a bancada do PT ingressaria com representação no Ministério Público para impedir a veiculação do material.
— É uma vergonha o que nós estamos assistindo. É um escândalo, é uma imoralidade, é uma ilegalidade usar recursos públicos. Recursos que deveriam ser utilizados para proteger o povo gaúcho, a sociedade gaúcha, sendo utilizados numa autopromoção vergonhosa e imoral por parte de Eduardo Leite e do vice-governador Gabriel Souza — bradou o petista, na tribuna.
Além das movimentações na Assembleia Legislativa, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) apresentou requerimento no Ministério Público pedindo a suspensão da veiculação do material, além de uma investigação para apurar se houve irresponsabilidade do governador Eduardo Leite na produção do conteúdo.
Nota da Secom
Na quarta-feira (14), a Secretaria de Comunicação lançou uma nota de três parágrafos defendendo o documentário. O texto diz que o documentário "é uma obra com valor histórico, produzida por sua própria equipe, com imagens do Departamento de Jornalismo, que retrata, de forma objetiva, o impacto e os reflexos das enchentes de maio de 2024 no Rio Grande do Sul".
A nota ressalta ainda que o documentário inclui imagens de outras lideranças, como o presidente Lula, e reforça que o objetivo foi "destacar o trabalho realizado, prestar contas e apresentar o andamento do Plano Rio Grande".