
Passado um ano da maior enchente da história do Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, reconheceram que a cidade e o Estado ainda estão longe de atingir o status de preparados para enfrentar uma calamidade climática da mesma proporção que a de 2024. Os dois foram entrevistados nesta segunda-feira (28) no Gaúcha Atualidade e explicaram o andamento das obras e o que falta fazer. Não é coisa para amanhã.
O norte do governo Leite é o Plano Rio Grande, um conjunto de projetos e programas que precisarão ter continuidade nos próximos governos. No plano há obras de grande porte, cuja execução será coordenada pelo Estado, com recursos do governo federal. Leite destacou que o governo Lula foi inteligente e aproveitou a janela do estado de calamidade para blindar os R$ 6,5 bilhões destinados às obras de contenção às cheias.
Projeto do governo de Dilma Rousseff, em 2012, as obras de contenção de cheias em Eldorado do Sul (Rio Jacuí) e Alvorada (Arroio Feijó) já tinham projeto pronto, mas o excesso de chuva em 2024 exigiu uma atualização. O edital para atualização do projeto de Eldorado foi publicado no Diário Oficial desta segunda e a licitação será realizada em maio.
Com valor total da contratação de R$ 3,8 milhões, o vencedor terá 120 dias para concluir o trabalho. Só depois será aberto o edital para a licitação integrada do projeto executivo e das obras propriamente ditas.
Na entrevista, Leite lembrou que New Orleans, nos Estados Unidos, demorou 10 anos para reconstruir e modernizar os sistemas de proteção. Citou o caso da Holanda, hoje um exemplo de proteção, que gastou mais ou menos o mesmo tempo e hoje é um exemplo para o mundo. Disse que não se pode sair executando obras sem fazer os projetos e isso demanda tempo e mão de obra especializada.

Entrevistado logo depois, o prefeito Sebastião Melo confirmou o que a reportagem de ZH mostrou na edição desta segunda: Porto Alegre não está preparada para uma nova enchente de grandes proporções. Melo garantiu, no entanto, que com o fechamento de parte das comportas que impedem o Guaíba de invadir a cidade e com a reforma dos portões de acesso ao Cais Mauá, o Centro está protegido.
O prefeito não deu prazo para a execução de outras obras essenciais de proteção, como a recomposição dos diques do Sarandi e da Vila Dique. Disse esperar que a Justiça libere nesta semana a remoção das famílias que ocupam uma área irregular no Sarandi e que não aceitaram a proposta para se mudar para casas ou apartamentos de até R$ 200 mil.
Melo atribui o atraso na recuperação da cidade à cultura brasileira de obras públicas não serem executadas no prazo contratado.