Um dia depois da eleição e das comemorações que produziram cenas de aglomeração incompatíveis com um Estado que vê crescer a cada dia a ocupação de UTIs e leitos clínicos para pacientes com covid-19, o governo estadual e as prefeituras decidiram apertar as restrições à circulação. Vem aí um pacote de medidas para tentar evitar o que se temia no início da pandemia: o colapso do sistema hospitalar.
Nesse pacote estão medidas impositivas, como proibir festas de Réveillon, e sugestões que dependem de conscientização da população, como limitar a 10 pessoas as reuniões familiares no Natal e no Ano Novo. Nada de amigo secreto da firma ou da turma da academia.
Bares fechando mais cedo, comércio com horário restrito no mês de maiores vendas. Essa é a conta da irresponsabilidade e pagaremos todos, mesmo os que fizeram a sua parte. São restrições para evitar um fechamento radical.
Os eleitos e seus apoiadores deram péssimo exemplo à população em geral nas comemorações em que não faltaram pessoas sem máscara, trocando abraços, e celebrando a vitória. Se a situação sair do controle nos próximos dias, não se deve culpar a Justiça Eleitoral, que tomou todas as providências para garantir a segurança dos eleitores. As aglomerações sem proteção se multiplicaram na campanha e nas comemorações de vitória.
Mesmo com políticos e parentes internados e com o ponteiro das internações e das mortes subindo depois de ter experimentado a curva descendente, candidatos e cabos eleitorais brincaram de roleta russa. Ignoraram que os profissionais da saúde estão exaustos e que a relação entre leitos ocupados e leitos disponíveis cai dia após dia.
Em 30 dias, os prefeitos eleitos, muitos dos quais contribuíram para o afrouxamento dos cuidados com seus discursos de engenheiro de obra pronta, terão de assumir o timão de cidades afetadas pela segunda onda e mostrar que são capazes de fazer melhor.