
Ao optar por uma conversa telefônica de 30 minutos entre Lula e Donald Trump, o Itamaraty escolheu o modo de segurança. Evitou, ao menos neste primeiro momento, o contato presencial com o presidente americano — e, por consequência, o risco de um constrangimento semelhante ao que envolveu o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, em reunião em fevereiro deste ano na Casa Branca, que contou com um bate-boca, ou em maio com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.
Finalmente, Lula e Trump abandonam a rixa de quinta série nas redes sociais e os recados debochados trocados por meio de notas na imprensa. Assumem, ao menos neste episódio, o papel de “adultos na sala” — uma postura esperada não apenas de dois chefes de Estado, líderes das maiores democracias do continente, mas também de representantes de nações que, apesar das diferenças, compartilham uma longa história de alianças e cooperação estratégica de mais de 200 anos.
Ao evitar nomes específicos, como o do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, durante a ligação, Lula adotou uma estratégia pragmática: conduziu o diálogo em tom institucional, evitando personalizar o embate político-judicial brasileiro. Um movimento calculado, que sinaliza diplomacia sem abrir mão da firmeza.
Ainda não há uma definição sobre um possível encontro presencial entre os dois. Há, no entanto, chance de uma reunião até o fim do mês durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), que ocorrerá na Malásia.



