
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Mais de 500 representantes de mais de 50 países devem se reunir entre segunda-feira (13) e terça-feira (14), em Brasília, para a Pré-COP — a última reunião de negociadores antes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). O evento reunirá ministros, delegados e observadores dos países do tratado multilateral, com o objetivo de impulsionar as negociações sobre ações climáticas antes da Conferência de novembro.
O encontro não faz parte oficialmente do calendário da Convenção do Clima. Porém, o governo federal tem priorizado a participação de delegações que coordenam grupos regionais. Além disso, a Pré-COP busca definir o tom das próximas etapas do processo multilateral de enfrentamento à crise climática global.
— O objetivo maior é justamente fazer avançar, por meio do diálogo entre as delegações, o processo negociador com vistas a uma COP bem-sucedida. Ou seja, não é o objetivo da Pré-COP fechar nenhum acordo. Na verdade, é uma etapa intermediária do processo de negociação em diversos temas que estão em pauta — afirmou o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Maurício Lyrio em coletiva de imprensa na sexta-feira (10).
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que a Pré-COP será o momento de tratar temas centrais como financiamento climático, preservação da natureza e transição energética.
— É o momento em que as posições vão ficando mais claras, para que possamos fazer o gerenciamento do que queremos reforçar, e também do que queremos esclarecer ou resolver em termos de dúvidas ou divergências. Assim, a COP30 poderá ser tudo aquilo que temos anunciado: a COP da verdade, da implementação e, na minha perspectiva, a COP que pode ajudar a evitar pontos de não retorno — afirmou a ministra.
Principais pautas
Segundo o governo federal, o evento é uma oportunidade para que os países alinhem posições políticas e técnicas sobre os principais desafios da agenda climática global, como financiamento climático, transição energética, adaptação e preservação da biodiversidade.
Um dos focos da COP30 será a entrega das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), e serão tratadas na Pré-COP. As NDCs representam os compromissos climáticos assumidos por cada país e devem ser atualizadas a cada cinco anos. Um ciclo se encerrou em fevereiro de 2025, quando as nações deveriam ter apresentado suas novas metas — o que ainda não foi feito por todos.
Até esta sexta-feira (10), 62 dos 196 países signatários da Convenção do Clima e do Acordo de Paris haviam apresentado suas novas ambições. A meta é alcançar 125 submissões até o fim do ano.
— Há um esforço grande para que tenhamos não apenas o maior número possível de NDCs, mas também com a maior qualidade. Esse será um dos grandes temas da Conferência. É uma responsabilidade coletiva e, por isso, não será um único país que definirá o sucesso da COP30, mas sim a ação conjunta de todos os participantes — afirmou Ana Toni, diretora executiva da COP30.
Como o presidente Lula está em viagem a Roma — onde deve se reunir no Vaticano com o Papa Leão XIV —, a cerimônia de abertura oficial da Pré-COP contará com a participação do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.





