
María Corina Machado é a sexta personalidade latino-americana a ser laureada o prêmio Nobel, e a primeira da Venezuela — algo altamente simbólico e um contexto de crise institucional e humanitária no país de Nicolás Maduro.
Quando o Nobel escolhe o nome do ano — e, principalmente, quando deixa de escolher outros, como Donald Trump, que desejava arduamente a láurea -, envia várias mensagens.
A láurea de María Corina é um reconhecimento ao protagonismo cívico. No anúncio, o comitê destacou que o prêmio vai para quem trabalha pela “transição justa e pacífica de uma ditadura para a democracia” (expressão usada no anúncio) e por “seu incansável trabalho em prol dos direitos democráticos do povo da Venezuela”.
Há também, uma valorização da ação individual (em vários momentos, o comitê reconhece grupos ou organizações). No caso de María Corina, mesmo correndo risco de vida: ela permaneceu na Venezuela e vive na clandestinidade. O comitê considerou essa de postura exemplo extraordinário de coragem civil em tempos sombrios.
O grupo considera a política venezuelana “figura-chave, unificadora, em uma oposição outrora profundamente dividida”, encarando sua ação de reunir forças políticas diversas como parte central da luta democrática.
Mas, sobretudo, a principal mensagem é o questionamento do regime de Maduro. Quando o Nobel é anunciado, a intenção é chamar a atenção não apenas para o trabalho da personalidade, mas da causa - violações de direitos humanos, ditaduras, catástrofes humanitárias. No caso da Venezuela, trata-se de um alerta sobre o autoritarismo.
No comunicado, o comitê menciona a deterioração democrática, o arbítrio, a repressão institucional, a crise econômica e o êxodo de milhões de venezuelanos.
Outro sinal forte é de apoio internacional à democracia liberal, sobretudo na América Latina, região onde extremismos de esquerda e de direita encontram terreno fértil.
Outros latinos laureados com o Nobel da Paz
Carlos Saavedra Lamas (Argentina, 1936)
Adolfo Pérez Esquivel (Argentina, 1980)
Alfonso García Robles (México, 1982)
Oscar Arias Sánchez (Costa Rica, 1987)
Rigoberta Menchú Tum (Guatemala, 1992)
Juan Manuel Santos (Colômbia, 2016)






