
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
María Corina Machado foi laureada, nesta sexta-feira (10) com o prêmio Nobel da Paz. Opositora do regime de Nicolás Maduro, ela se torna a primeira venezuelana a receber o título e entra para uma seleta lista de sete latino-americanos que já receberam a honraria. O prêmio, que é entregue desde 1901 a personalidades e instituições que se destacaram internacionalmente. Nenhum brasileiro recebeu o prêmio.
O primeiro latino-americano a receber a láurea foi Carlos Saavedra Lamas, em 1936. Proeminente político, diplomata e acadêmico argentino, foi uma figura histórica de grande importância, especialmente no campo do direito internacional e da paz. Ele é lembrado por colocar a Argentina no centro das discussões globais sobre paz e direito internacional durante o período entre guerras. Sua obra mais famosa, a mediação do fim da Guerra do Chaco (1932-1935).

O segundo latino-americano a receber o Nobel da Paz também foi argentino: Adolfo Pérez Esquivel recebeu a láurea em 1980. Figura importante na história da América Latina, foi conhecido principalmente por sua luta pacífica pelos direitos humanos. Após o golpe militar de 1976, o ativista liderou o Serviço de Paz e Justiça, uma organização que denunciava a violência do regime e defendia os direitos humanos. Em 1977, ele foi preso e torturado por militares argentinos.

Em 1982 foi a vez do diplomata mexicano Alfonso García Robles ser laureado com o título. Sua trajetória se destaca pela luta pelo desarmamento nuclear. Ele é lembrado como o "pai" do Tratado de Tlatelolco, um acordo para eliminar esse tipo de arsenal na região, que foi assinado por 14 países no México em 1967. Ele foi um participante proeminente nas sessões das Nações Unidas sobre desarmamento nacional.

O quarto latino-americano a receber o título foi Oscar Arias Sánchez, costa-riquenho. Ele recebeu o título em 1987, um ano após se tornar presidente da Costa Rica. Ele recebeu o prêmio por sua liderança decisiva na elaboração e negociação do Plano de Paz para a América Central, que culminou na assinatura dos Acordos de Esquipulas II. Como presidente, Arias Sánchez liderou uma mediação incansável entre os líderes da Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua e Costa Rica.

O Nobel da Paz de 1992 foi dedicado à Rigoberta Menchú Tum. Guatemalteca, ela é conhecida mundialmente por sua defesa dos povos indígenas na Guatemala e por sua luta contra a violência perpetrada pelos governos militares que governaram seu país. Durante a Guerra Civil Guatemalteca (1960-1996), seu família foi brutalmente perseguida pelo regime militar. No mesmo em que recebeu o prêmio, foi nomeada embaixadora das Nações Unidas para os povos indígenas do mundo.

O sexto título latino-americano ficou com o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos, em 2016. Ele recebeu a láurea por seus esforços para acabar com o conflito armado que durou mais de cinco décadas no país sul-americano. O processo de paz que ele liderou não terminou completamente com a violência na Colômbia, mas desmobilizou a guerrilha mais antiga e poderosa das Américas, abrindo uma possibilidade histórica de reconciliação.





