
Monitorar atividades em outros países — em especial aquelas que possam ser contrárias aos interesses americanos — é função principal da CIA. Mesmo atividades no Rio Grande do Sul já foram observadas com lente de aumento em diferentes momentos históricos, como eu e o colega Carlos Rollsing noticiamos em várias reportagens do GDI: atividades comunistas na Avenida Voluntários da Pátria, o movimento da Legalidade e seu mentor, o governador Leonel Brizola e a eleição de 1989, entre outros momentos confirmados por documentos oficiais.
Do monitoramento ao sinal verde para operar em solo estrangeiro é um caminho que exige um processo interno na cadeia de comando do governo americano, que encontra clímax no Salão Oval. Publicada originalmente pelo The New York Times, a notícia de que Donald Trump autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela pode ser vista por dois vieses: um da mera ação psicológica, de impor medo ao rival, forçando-o a capitular, ou de elevar a pressão a ponto de motivar um levante na caserna. Afinal, se a operação é sigilosa, qual o interesse do governo ao torná-la pública?
Também pode ser os dois. Uma operação militar tradicional teria custos muito mais elevados do ponto de vista financeiro e em vidas. Obviamente, as capacidades militares bolivarianas são infinitamente inferiores à maior potência militar do planeta, mas as consequências de colocar "boots on the ground" (botas no terreno) sempre trazem, de volta, os fantasmas do Vietnã e do Iraque — principalmente em um cenário no qual Maduro armou civis.
Até que ponto essas pessoas, com exceção das milícias, estariam dispostas a morrer pelo regime é uma incógnita. Sendo assim, uma operação de inteligência acaba sendo, para Trump, uma opção mais viável: fazer o regime sangrar por dentro.




